(Por E.P.M)
Quando, em fevereiro de 1913, chegamos a Santa Rita do Sapucaí, esta era uma cidade que dava os primeiros passos na senda do progresso. Desembarcamos na Estação Affonso Penna, atravessamos uma velha ponte de madeira, coberta de folhas de zinco e penetramos na Sylvestre Ferraz, calçada com a terra que Deus lhe deu e esburacada pelo constante trânsito de carros de boi. Na boca da ponte, estava situada a venda de secos e molhados do Paulino e dali partia a mal afamada Rua do Queima e uma trilha que daria origem à Avenida Delfim Moreira.
Quando percorremos a Rua da Ponte, notamos a presença da Caza Bernardes (com z mesmo), situada abaixo do nível da rua; a residência comprida da avó do Almirante Silvio de Camargo, do lado direito, mais desvãos do que casas e, do lado esquerdo, um vasto brejo, fértil em piris e habitado por uma legião de preás e saracuras.
Chegamos à Praça da Matriz, depois de passar em frente ao bar “É aqui que o Mané mora” e divisar um jardim cercado de arame para evitar as vacas (naquele tempo, vaca mesmo) e enfeitado por um coreto de sapé.
Nós nos alojamos na velha casa de propriedade do Senhor Paula Souza, situada no lugar onde, hoje, está o cinema. Eu, dois irmãos, duas irmãs, os irmãos Gabriel, Élcio e Caio M. Silva, as mocinhas Augusta Xavier, Juvencina Cunha e Antônio, fomos os fundadores do internato do futuro Instituto Moderno de Educação e Ensino. Pensionistas do professor João de Camargo em Alfenas, onde frequentávamos o Grupo Escolar “Cel. José Bento”, em 1912. Para cá nos transferimos com o diretor do grupo, professor João de Camargo, que veio dirigir o Externato Santa Rita.
Nos fundos da nossa pensão corria o pachorrento córrego do Mosquito, em cujas margens estava o matadouro do senhor Chico Balbino, frequentado por uma legião de urubus. Do outro lado do Mosquito, ficava uma vargem que era o nosso recreio e o primeiro campo de futebol de Santa Rita, frequentado pelo, também, primeiro grêmio de esportes, fundado pelo menino Silvio de Camargo, nesta terra.
Santa Rita dava os primeiros passos para merecer o nome de cidade: o Cel Francisco Andrade Ribeiro, agente executivo desde 1911, havia executado o serviço de luz elétrica, inaugurado em fins de 1912. E havia, também, construído a primeira sede de água potável, sob orientação do engenheiro Thomaz Wood.
Um externato fundado por Leopoldo de Luna em 1913 e dirigido por João de Camargo dava origem ao Instituto Moderno. E 1912 foi o ano da vida de nossa cidade: três elementos básicos para que uma cidade merecesse o seu nome: ganhou água, luz e ensino. Serviço de luz iniciado por João Euzébio e executado por Francisco Andrade; serviço de água executado por Francisco Andrade e instituição de ensino particular iniciada por Leopoldo de Luna e seus colaboradores e que foi impulsionada por João de Camargo.
Nunca é tarde para relembrarmos as realizações dos benfeitores de nossa terra. Eles são muitos, mas hoje só quisemos focar os nomes daqueles que criaram uma nova era de progresso para Santa Rita.
Bela narrativa de uma época em que não presenciamos e mexe com nossos imaginários como foi importante aquele início e também tão quão importante foi para o desenvolvimento da cidade , Personalidades que já existia como Francisco Andrade e João de Camargo ,hoje vemos em logradouros ,Ruas ,Avenidas e estabelecimentos da cidade.