A despedida do maior compositor da história de Santa Rita do Sapucaí

(Por Silva Filho)

Em 1945, ano em que integrei o corpo de atiradores do TG 210, sob o número 9, fui incumbido pelo sargento Léo Caldas Renault de organizar nossa banda de corneteiros. Isso me obrigou a trocar o bombardino, instrumento que já executava com alguma facilidade, pelo piston, “duro como estudante em fim de mês” e que me fora emprestado pelo saudoso Augusto Telles, um dos meus primeiros amigos adultos, quando resolvi deixar de lado minhas brincadeiras de adolescente. Como pistonista, fui o pior, o mais medícore de todos quantos em Santa Rita desejaram executar este instrumento. Foi Telles quem me aconselhou a voltar ao bombardino, enquanto era tempo, pois como pistonista estava fadado ao mais completo fracasso.

Foi nessa época que Augusto Telles, autor de centenas de composições musicais dos mais diversos ritmos e melodias distribuídos em todo o Brasil, compôs dedicado a mim e minha banda de corneteiros um toque de corneta com a seguinte recomendação:

Brevemente, você será um homem vitorioso. Ensaie esse toque com sua banda de corneteiros e, quando não mais precisar dele, passe-o a outro. O prognóstico do meu velho e saudoso amigo ainda não o realizei totalmente, mas a divulgação do seu toque de corneta, um dos mais belos do repertório da banda TG 210, no ano de 1945, aqui está em cumprimento ao desejo do autor:

No dia em que Augusto Telles cerrou os olhos para este mundo, vimos cessada a rivalidade que havia, até então, entre as Liras Tiradentes e São José, esta sob regência de Zequinha Major. E todos os músicos da cidade, portando seus instrumentos musicais, foram ao enterro a fim de prestarem a última homenagem ao colega que partia.

Quando o senhor Quincas Neto nos distribuiu os livretos contendo as marchas fúnebres a serem executadas na ordem apresentada, pude ler, além dos títulos das músicas, a seguinte inscrição em letras manuscritas, finamente bordadas a tinta roxa: “Marcha fúnebre composta por Augusto Telles”. E de sua residência na Rua da Pedra, até o cemitério, o maior conjunto musical da cidade executou as marchas fúnebres daquele livreto e os acordes graves e doloridos eram uma mensagem. A última despedida do maior compositor musical da história de Santa Rita.

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