Zequinha do Major e as antigas quermesses na praça

(Américo Junqueira)

Publicado no jornal “Correio do Sul”, de 29 de outubro de 1961, este texto de Américo Junqueira recorda os velhos tempos de quermesse na antiga Praça da Independência, atual Praça Santa Rita, e presta homenagem ao músico Zequinha Major. Confira!

Nas festas da igreja, nos dias de novena, o luar enchia toda a vastidão da terra. Sob a lâmpada do saudoso Quinquim a iluminar o recinto da igreja, ou a armação de sapê, era realizado o leilão de assados e doces, especialidades de Sá Iria e Flora. No coreto, já sem a regência de seu maestro, a banda inundava o ambiente com seus sons harmoniosos. Uma banda que se constituía quase de uma só família, tendo como enxerto apenas o boticário de nome Saturnino Faria. E os sons daqueles dobrados, não sei se por estarem misturados ao cheiro dos quitutes, ainda perduram no relicário das minhas poucas memórias, como um hino saudoso daquilo que chamo de infância.

Talvez, por isso, sinto imensa satisfação nas tardes de festas de ouvir, no coreto do jardim, a Lira São José sob a regência do Zequinha Major. O maestro, filho do nosso saudoso Major, em seu piston, anima as nossas festas e faz renascer em nosso espírito o doce enlevo da vida. Pena é que sejam tão poucas as oportunidades de ouvirmos os sons da saudade. Por isso mesmo, prezado Zequinha do Major, velho amigo de todos os tempos, eu o concito a nos brindar sempre com a suavidade dos seus acordes, em retretas frequentes, no auditório do nosso jardim, aos pés da padroeira.

Para muitos, não significa mais do que simples sopros instrumentais, mas, para nós, será sempre a lembrança a falar do passado. Não importa a idade, retorne sempre ao seu piston, com ou sem o velho bombardino, ao lado do Henrique e nos dê o prazer de, pelo menos, uma apresentação por domingo. Vale a pena pela arte e, também, pela recordação.

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