Uma escola pouco conhecida de Santa Rita do Sapucaí

    (Carlos Romero Carneiro)

    Um raro exemplar do jornal “Nação Brasileira”, datado de dezembro de 1924, foi encontrado recentemente e se revelou um importante documento histórico. A publicação traz uma matéria sobre a Escola de Comércio Tavares da Silveira, estabelecimento educacional que funcionou no município, no início do século XX. O documento nos ajuda a desvendar parte da trajetória de Santa Rita do Sapucaí como cidade de vocação educacional — marca que permanece viva até os dias atuais.

    Instituição que formava profissionais para todo o Brasil, a Escola de Comércio Tavares da Silveira foi fundada em 1918 e rapidamente se tornou referência na formação de guarda-livros — profissionais responsáveis pela organização contábil e financeira de empresas, função essencial no mundo dos negócios da época.

    Tavares da Silveira

    A instituição, sediada na atual Escola Nossa Senhora de Fátima, oferecia ensino presencial e por correspondência, o que lhe permitia alcançar alunos em todo o Brasil. Em 1924, já somava cerca de 300 alunos matriculados, muitos deles fora de Minas Gerais.

    O responsável pela fundação e direção da escola era o professor Tavares da Silveira, também autor do premiado “Método Prático de Escrituração Mercantil”, que recebeu reconhecimento internacional, incluindo uma medalha de prata na Exposição Internacional do Centenário da Independência, em 1922.

    Medalha recebida pelo método criado por Tavares da Silveira

    O método desenvolvido por Tavares da Silveira combinava teoria e prática, facilitando o aprendizado de um conteúdo considerado complexo. A escola oferecia diferentes modalidades de formação, sempre voltadas para a área contábil e comercial. Entre os diplomas disponíveis estavam: Guarda-Livros (teórico-prático), Guarda-Livros Técnico (prático), Método Prático de Escrituração Mercantil (sistema misto) e Contador.

    Os alunos formados saíam com diplomas reconhecidos e não precisavam se submeter a exames adicionais em conselhos profissionais da época, o que era um grande diferencial. Símbolo de distinção naqueles tempos, o documento ressalta que os diplomados tinham o direito ao uso de um anel de formatura, feito com turmalina verde incrustada em ouro, ladeado pelos emblemas do comércio e da indústria .

    A descoberta desse jornal é mais do que uma curiosidade histórica. É a confirmação de que, muito antes de ser conhecida como o “Vale da Eletrônica”, Santa Rita do Sapucaí já se destacava pela educação inovadora e pela capacidade de formar profissionais que contribuíram para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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