(Por Américo Junqueira)
Quando ouço, com meus ouvidos leigos, os sons de uma banda que ensaia os seus passos nas encostas da Rua Nova, muitas das vezes perdendo-se em longe, sem eco aos surdos ouvidos dos homens, penso como não ouviriam aqueles acordes, ainda que algumas vezes, desafinados, o velho mestre e acurado musicista, Maestro Joaquim Carneiro de Abreu.
Sua alma encantada vive para a arte, no concerto dos seus sonhos, tão bem transmutados no seu constante sorriso que não se perde, que não se esvai, que não se desgasta, porque mantém a própria chama da vida, de uma perene alma artística.
Penso que, ao seu redor, deveria estar sempre a juventude, aspirando-lhe a inspiração, ouvindo-lhe os sonhos, partilhando-lhe as alegrias. Esta seria a melhor expressão de apreço por uma alma encantada, que sempre fora embalada de acordes musicais e que espalhou os ensinamentos da arte sublime dos sons, como um artista que jamais envelheceu.
Rendo-lhe, Maestro Quincas Neto, o apreço da estima e a veneração de minha alma às suas virtudes que enfeixam uma figura imperecível na vida de Santa Rita
(Correio do Sul – 26 de outubro de 1958)