Comparativo da transição da santa-ritense Bella Longuinho ganha destaque nacional

O antes e depois da transição de Bella Longuinho repercutiu nas redes e reacendeu debates importantes sobre identidade e representatividade.

A influenciadora mineira Bella Longuinho, de 23 anos, natural de Santa Rita do Sapucaí (MG), voltou a dominar as redes sociais nesta semana após publicar um vídeo comparando o “antes e depois” de sua transição de gênero. O conteúdo, inicialmente postado apenas nos stories com uma enquete interativa, rapidamente ultrapassou o círculo de seguidores e viralizou em diversas plataformas.

Com 3,8 milhões de seguidores no TikTok e mais de 1,3 milhão no Instagram, Bella tem documentado desde o início do ano as etapas do seu processo de transição. No vídeo que reacendeu a repercussão, ela coloca lado a lado imagens antigas — ainda sob a persona humorística de Zé Longuinho — e registros atuais, após cirurgias e mais de um ano de hormonização.

A influenciadora afirma que não imaginava que o conteúdo ganharia tamanha projeção. Até a tarde desta quarta-feira (10), 77% dos participantes da enquete preferiram a imagem atual, enquanto 23% votaram na versão anterior.

“Gosto das comparações porque mostram que a transição não é um bicho de sete cabeças e inspiram muita gente a ver que é possível, do jeito de cada um”, disse ao g1.

De Santa Rita do Sapucaí para São Paulo: quem é Bella Longuinho

Isabella Longuinho nasceu e cresceu em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, cidade conhecida pelos polos educacional e tecnológico. Ela descreve a infância no interior como uma fase feliz e acolhedora.

“Minha infância foi uma delícia. Era muito seguro, eu brincava na rua, estudava em escola particular. Nunca tive problema de preconceito”, relembra.

Bella estudou na tradicional Escola Técnica de Eletrônica (ETE) e chegou a cursar dois anos de Direito em Pouso Alegre. A mudança de rumo veio com a pandemia, quando a criação de vídeos se tornou uma forma de expressão — e logo, sua principal atividade profissional.

Seu primeiro viral ocorreu em 2021, ao dançar de sunga na neve da Suíça ao som de “No Chão Novinha”, de Anitta, ainda no estilo cômico que marcava a identidade de Zé Longuinho.

Em 2023, mudou-se para São Paulo para investir na carreira. Mas a mudança mais profunda viria pouco depois: em agosto de 2024, após um longo processo terapêutico, Bella se reconheceu como mulher trans. A hormonização começou em outubro, e o anúncio público aconteceu em janeiro de 2025.

A revelação para a família veio junto com o anúncio nas redes. A mãe, segundo Bella, ficou inicialmente assustada, não por rejeição, mas pelo receio das cirurgias.

Cirurgias e autoconhecimento: a jornada da transição

Bella compartilhou abertamente cada fase da transição com seus seguidores. Em fevereiro de 2025, fez feminização facial; em junho, colocou próteses de silicone. O passo mais significativo ocorreu em outubro, quando viajou para a Tailândia, referência mundial em cirurgias de redesignação sexual.

“Lá eles fazem esse procedimento todos os dias. Aqui no Brasil, o médico faz a cada dois ou três meses. Me senti mais segura”, contou.

Bella ficou um mês no país, sete dias internada e outros 21 no chamado “hotel-hospital”. A experiência, vivida sozinha do outro lado do mundo, virou uma das etapas mais emocionais do processo.

A explosão nas redes e a responsabilidade que vem junto

Após anunciar a transição, Bella viu sua presença digital se transformar. Sua antiga conta, que havia chegado a 2 milhões de seguidores, foi desativada. Em junho, ela inaugurou um novo perfil, que ultrapassou rapidamente a marca de 1,3 milhão.

O público hoje é majoritariamente feminino — cerca de 70%. O humor, antes predominante, deu espaço para conteúdos de beleza, moda e estilo, sem perder a espontaneidade que sempre caracterizou a influenciadora.

“Muita gente acha que eu transicionei só para engajar. Não. Mas eu aproveitei para engajar, sim. Uni o útil ao agradável”, afirma com franqueza.

Vídeos de comparação, especialmente, têm grande alcance. Segundo Bella, eles ajudam outras mulheres trans a visualizarem possibilidades reais de transformação.

“Transição tem que ser do seu jeito”

Mais do que mostrar os próprios resultados, Bella reforça a importância da autonomia individual na experiência de cada mulher trans.

“Não existe regra. Cada transição tem que ser feita da forma como a pessoa se sente mais confortável”, diz.
“Quando comecei, ditaram como eu deveria fazer. E fui muito criticada porque não quis seguir o que esperavam. Fiz do meu jeito e deu certo.”

Com a voz cada vez mais ampliada nas redes, Bella transmite uma mensagem de acolhimento e calma:

“Vá com calma. No final, você vai se tornar a mulher que sempre quis ser.”

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