Desvendamos um pouco da trajetória do jornalista Evandro Carvalho

Como teve início a sua paixão pela escrita?

Eu escrevo desde criança. Na escola eu já produzia meus textos e gostava muito disso. Acredito que seja coisa de DNA… minha mãe gostava demais de escrever. Eu escrevia sempre, meus professores gostavam e fui tomando gosto pela coisa.

E como veio o interesse pelo jornalismo?

Isso veio depois. Eu já tinha vocação para escrever, gostava de produzir meus textos, mas como ainda era criança não pensava muito à frente. Eu sou de família modesta e, naquela altura, ainda não cogitava ser jornalista. Tudo mudou quando comecei a editar um jornalzinho na minha escola, enquanto morei em São Paulo. Era um jornal mimeografado que eu distribuía para os alunos. Foi ali que tudo começou.

Você já tinha referências dentro do jornalismo?

Uma passagem interessante é que havia um porta-voz da Presidência da República chamado Antônio Britto. Vendo ele transmitir os boletins sobre o estado de saúde de Tancredo Neves, eu percebi a importância daquela profissão e pensei, pela primeira vez, em me tornar repórter.

Levou algum tempo até trabalhar com jornalismo?

Em 1989, eu tinha 16 anos e fui parar numa empresa de seguros. Eu passei no exame de seleção e saí da periferia de São Paulo para trabalhar no departamento de investimentos de uma companhia de seguros. Naquela idade, eu ganhava três vezes mais do que o meu pai e permaneci oito anos naquele trabalho! Por um período, a profissão de jornalismo ficou para escanteio.

E quando a vocação falou mais alto?

Em 1996 eu entrei para a faculdade e, com ela, as coisas começaram a acontecer. Eu tive toda uma perspectiva a respeito da minha profissão e comecei a estruturar o jornalismo na minha cabeça. Foi ali que a companhia de seguros foi para o beleléu! Na faculdade, eu aprendi muito sobre jornalismo impresso, rádio, assessoria de imprensa… também desenvolvi um caderno literário chamado Luzes, já com editoração eletrônica.

E como foi sua vinda para Santa Rita?

Quando tranquei matrícula, em 1997, vim para cá e permaneci no limbo por dois anos, até começar a estudar na Univás. Naquela época, estive no asilo, passei uma tarde conversando com as pessoas e tirando fotos com a minha Zenith. Eu produzi uma matéria sobre a rotina naquele local e com os textos prontos, levei na casa do Ronaldo Carvalho, dono do jornal Minas do Sul. Ele me contratou na hora!

Como foi no Minas do Sul?

Foi bem legal! No começo, era tudo festa! Éramos eu, Humberto, a Carla, Nicola, Mélqui, a Gisele e o Ronaldo. Foi bom também porque cheguei como um alienígena aqui, não conhecia absolutamente ninguém e tive a oportunidade de entrevistar muitas pessoas em uma coluna chamada Persona! Graças a estas entrevistas, passei a conhecer melhor a cidade, além de estabelecer conexões entre os fatos e as pessoas daqui.

E sua ida para O Vale da Eletrônica?

Eu entrei no Vale da Eletrônica em 2012 porque o professor Ely Kallás havia adquirido o jornal da família do senhor Rubens Carvalho, meu tio, e não sabia o que fazer com ele. Quando cheguei, ele me pediu que fizesse uma reforma editorial de forma com quem o jornal se posicionasse como um veículo de ciência, tecnologia e inovação. Desde então, tenho tentado construir esta identidade de discurso, sem nunca me esquecer do Rubens. O Rubens fazia algo mais artesanal, voltado para a comunidade e o professor Ely deu esta cara mais profissional. Hoje, o jornal fala de agronegócio, artes, política e outros temas, mas o mote é mesmo ciência, tecnologia e inovação.

Como foi sua ida para a Academia de Letras?

Eu fui convidado para a Academia de Letras pela professora Ilma Faria. Eu tinha 32 anos e disse a ela que eu não tinha idade, bagagem e nem currículo para tal, mas ela insistiu… Eles me convidaram mesmo com o meu aviso e entrei para a ALCA no dia 30 de abril de 2005. Desde então, faço parte desta entidade que considero importante para Santa Rita. Fui secretário por quatro anos, presidente por outros quatro e secretário novamente. Quando fui presidente, a ideia era de que a ALCA se abrisse à população… dando continuidade à proposta do senhor Victor Neira.

Como avalia sua vida, amizades e carreira?

Eu abri mão de várias coisas para poder seguir na minha profissão e fazer o que eu queria. Eu sempre fui assim… nunca pensei em carreira e sempre quis fazer o que gostava. Nesse período, conheci muitas pessoas que me ajudaram a sedimentar este sentimento… o Cyrinho de Luna foi uma delas! Era uma pessoa Niilista, racional, muito culto e fizemos uma amizade com 30 anos de diferença! Na sua Temporada Lírica (reuniões que Cyrinho fazia em sua casa), aprendi muitas coisas, li muitos livros, conheci diversas músicas e bebemos muito também! Eram noites agradabilíssimas! Não somente pela figura dele como também pela presença do Tchóra, do Rodrigão, do Paulo Renato e outros emancipados intelectualmente! Este traço da boemia me permitiu muitas coisas e continua muito presente na minha vida! Eu faço tudo de maneira espontânea e valorizo estas amizades! É um paradoxo, porque preciso veicular o meu jornal toda semana, o que também me exige muita disciplina.

Qual a sua relação com a carreira?

Sempre pensei nela como algo de momento. Eu dependo dela e ela depende de mim. Hoje, aos 48 anos, eu me sinto emancipado e independente em relação, não só à profissão, como em relação à minha própria vida!

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