(Carlos Romero Carneiro)
Sabe aquela cena do filme “De volta para o futuro” em que McFly retorna aos meados dos anos 50 e consegue ver como eram os pais na juventude? Pois se você que está hoje na adolescência, aí com seu smartphone teclando sobre games e replicando memes, pudesse voltar à juventude de seus pais, veria que muita coisa mudou! Sim, os seus pais já foram malacos! E vou te contar como era naquela época, caso encontre um DeLorean dando sopa e queira transformá-lo em uma máquina do tempo. Para começar, esqueça a internet, Instagram, TikTok, WhatsApp ou Facebook… No início dos anos 90, não havia nada disso… se quisesse conversar com uma menina, teria que bater na sua porta, esperar na calçada ou – se ela fosse bem de vida – telefonar para a sua casa! Sim! Telefone era coisa de boy! Para conseguir uma linha telefônica, que hoje é de graça e só serve para receber trotes de sequestro ou pedidos de ajuda da LBV, era preciso esperar anos na fila da Telemig (sem exagero) e até pagar milhões de prestações! Algumas pessoas entravam em consórcio! E se você quisesse azarar uma cremosa, não havia Tinder… Era preciso calçar a cara e chegar na lata, com boas chances de levar um toco! Sim… era este o nome dado a uma cantada mal sucedida! E para conseguir colocar a moça no mesmo ambiente que você, valia de tudo! Alguns faziam festinhas, outros esperavam os pais viajarem para montar os famosos bailinhos ou frequentavam os barzinhos da cidade! Vocês não vão acreditar, mas os bares de Santa Rita não apenas acabavam lotados, como quarteirões inteiros ficavam intransitáveis nos finais de semana. Chegava a ser difícil passar de carro em frente ao Pontão, Kapelinha, Buffonete ou Bar do Posto, mas todo mundo queria mostrar que o pai liberou o carro ou a moto! As motos, por sua vez, eram um caso à parte… não era preciso usar capacete! Você subia na CB400 ou na sua 125 e chegava com o cabelo espetado onde quer que fosse! Também havia a febre das Mobilletes e era comum ver a molecada deitando o cabelo pelas ruas! Naqueles tempos só havia meia dúzia de canais na TV aberta e todo mundo se vestia como ditavam as novelas! Até fio de telefone o povo enrolava no pescoço, imitando os motoqueiros da novela das sete! Era assim que a galera chegava nas festas e tudo o que você tinha que fazer era chamar a atenção da Cremosa! A concorrência era braba! Era difícil concorrer com os forasteiros da ETE, FAI e Inatel que – não raramente – tomavam um sacode dos nativos! E você tinha que saber dançar! E não é que todo mundo dançava? Calma, calma… sem pânico… Se não tivesse um Sidney Magal impregnado em sua alma, era só prestar atenção no Levi do Rap… o cara mandava na noite! E tudo o que ele dançava, o salão repetia… não tinha erro! E você chegava naquela colega de escola e perguntava como estavam as coisas, convidava para tomar uma coalhada no Modesto ou para ver o anoitecer no morro da Sense, carinhosamente chamado de Suruba! Daí me pergunto: éramos era mais felizes? Não sei responder… Havia mais coisas para fazer? Talvez não… Só sei que depressão e síndrome do pânico chegaram tempos depois. Talvez vivêssemos mais o “presente” e estas doenças sejam consequência de quem vive ansioso, com a cabeça no futuro.