(Texto baseado em um recorte de jornal da época)
No dia 14 de setembro de 1918, às 8 horas da manhã, em carro reservado ligado ao expresso da Rede Sul Mineira, partiu uma grande comissão composta por senhoras e senhores, representantes da Câmara, diretório político, Fórum, colônias estrangeiras, comércios, indústrias, Centro Operário, Instituto Moderno, Grupo Escolar e Imprensa, que se dirigiu a Itajubá com o fim de dar ao Dr. Delfim Moreira as boas vindas.
Às 8 e 50 da noite, o especial que conduzia S.Exa. e ilustre comitiva, chegou a Itajubá, que se achava repleta do que há de mais seleto na sociedade Itajubense, ao som de uma excelente banda de música. Ao desembarcar, S.Exa. foi cumprimentado por todos os presentes, sendo-lhe oferecido pela Câmara Municipal um excelente lunch, no Hotel Pinheiro.
Às 9 horas, partiu o especial sob os aplausos e aclamações do povo de Itajubá, chegando a esta cidade às 11 e 50. Devido a um desencontro de telegramas, o povo não chegou a tempo de receber S.Exa. conforme era o seu intento. Mesmo assim, em frente à sua residência, afluiu uma grande massa popular que o aclamava com verdadeira simpatia.
Acompanharam S.Exa até esta cidade, além da Comissão de Encontro, os senhores Tenente Alcides do Amaral (da Força Pública do Estado), Dr. Moreira de Abreu (Secretário de Legação), João Borges Feming (Representante do Rio Jornal), Antônio Moreira da Costa e família, Doutor Horácio Costa (Chefe do Tráfego) e o Dr. Oscar Paretta (Engenheiro da Rede Sul Mineira).
No dia seguinte, às 10 e 50 da manhã, aconteceu a missa solene em ação de graças, celebrada pelo Cônego João Calazans Nogueira, com grande concorrência, tocando uma magnífica orquestra organizada pelo Maestro Augusto Telles. Cantou uma Ave Maria, Dona Henriqueta Castello. Foram executadas a seguintes canções: “Amor a Deus” e “Serenata de Schubert”
Após a cerimônia da missa, desfilou imponente préstito, a fim de acompanhá-lo até a sua residência. O préstito obedeceu à seguinte ordem: Grupo Escolar, Escola Normal, colônias (portuguesa, italiana e síria) com suas respectivas bandeiras, batalhão ginasial, Linha de Tiro 290 e grande massa popular. Ao chegar em frente à sua residência, usou da palavra o professor José Raposo que, em nome do povo, produziu um eloquente discurso, sendo muito aplaudido.
O Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira, com palavras de sinceridade, agradeceu a manifestação. Em seguida, a banda “Lira Nova Aurora” executou o Hino Nacional. Os alunos do Instituto Moderno e do Grupo Escolar cantaram, respectivamente, dois hinos. A comissão de festejos distribuiu ao povo cerveja em profusão.
Às 3 horas da tarde, efetuou-se a sessão de inauguração do Fórum e do retrato do homenageado. O Exmo. Sr. Dr. Amphiloquio Campos do Amaral, Juiz de Direito da Comarca, vestido de beca, assumiu a presidência tendo ao seu lado o Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira e declarou aberta a Sessão de Inauguração do Fórum. Leu um belíssimo discurso onde salientou o grande benefício que o Dr. Delfim Moreira havia proporcionado a esta terra, dotando-a de um melhoramento de suma importância, que era o edifício que acabava de inaugurar. As suas últimas palavras foram recebidas com aplausos. A banda de música executou o Hino Nacional.
Em seguida, foi dada a palavra ao Orador Oficial, Dr. Eurico Dutra, que com a eloquência que lhe é peculiar, produziu um substancioso discurso, cheio de luminosos conceitos e referindo-se, com especialidade, à personalidade do Sr. Dr. Delfim Moreira, a quem rendia, naquele momento, um voto de sincera homenagem diante do coração agradecido do povo de Santa Rita. A brilhante oração do ilustre tribuno foi recebida com uma grandiosa salva de palmas. Foi lavrada uma Ata de Inauguração que recebeu a assinatura dos presentes.
Às 18 horas, teve lugar no palacete do Cel. Francisco Moreira da Costa, um grande banquete oferecido ao Dr. Delfim Moreira pelos seus irmãos e cunhados. Foi servido o seguinte menu:
À brasileira
Presunto
Potage Glacé, de aspargos e camarões
Macarronada
Empadinhas
À japonesa
Arroz à Fantasia com leitoa à brasileira
À Francesa
Petit Pois – Salmon
Lagosta ao Champignon
À Portuguesa
Glacé à Portuguesa – Paio
À Inglesa
Roast-beef
À Milanesa
Galinha
À Brasileira
Lombo de porco
Peru
À Norte Americana
Cabrito
Croquetes e pastéis
Também: frutas, doces, vinhos, champagne, licores, café, charutos, etc.
Ao champagne, o professor João de Camargo saudou o Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira, agradecendo, em seu nome, o Dr. João de Castro Rodrigues. O professor José Raposo levantou o brinde aos Exmos Srs. Presidente da República e do Estado.
Durante o banquete, a orquestra executou as seguintes peças:
1) Pensées (Fantastiques)
2) Sinfonia N.2 (C. Dancla)
3) Violeta na Neve (Gavotta)
4) A Juventude é um Sonho (Valsa)
5) Angelina Dina (Mazurca)
Só nomes de rua
A mesa, em forma de U, apresentava um belo aspecto pela sua magnífica ornamentação de flores naturais. Tomaram parte do banquete: Dr. Delfim Moreira. Dr. Amphiloquio Campos do Amaral, Dr. Horácio Costa, Dr. Godofredo Rangel, Comendador José L. de Souza Menezes, Dr. Elpidio Costa, Dr. João de Castro, Rodrigues, Cel. Joaquim Inácio Ribeiro, Cel. José Cleto Duarte, (Obs: falta uma linha da descrição), Dr. João Rezende, Dr. Gabriel Ferraz, Sr. José Barbosa, Cisalpino Loureiro, Eustáquio Carneiro, Joaquim de Andrade, Cel. José Pinto Vilela, Dr. Francisco Falcão, Dr. Eurico Dutra, Prof. João de Camargo, Dr. Paula Andrade, Dr. João Alfredo, Dr. Oscar Paretta, Cel. Gaspar José de Paiva Sobrinho, Cel. Polidoro de Lemos, Cel. Joaquim Ribeiro de Abreu, Prof. José Raposo, Professor José Del Picchia, Capitão Erasmo Cabral, Cel. João Rennó, José Mendes Villela e o diretor do jornal, Omar de Luna.
Às 20 horas, realizou-se, no salão do Fórum, um grande baile que se prolongou até de madrugada. As distintas senhoras e senhoritas apresentaram-se com luxuosas toilettes. A ornamentação, luzes e flores, davam um encanto especial à belíssima festa. As danças estavam animadíssimas, executando excelentes peças a orquestra regida pelo Maestro Augusto Telles. Os serviços de buffet e buvette nada deixaram a desejar. Licores, cerveja, gasosas, águas minerais, doces finos, sanduíches, pastéis, empadinhas, chocolate, etc, eram constantemente servidos aos convivas.
