Com lançamento de produtos, uso da Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e robótica, o Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, deve ter bons resultados em 2025, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel-MG), Roberto de Souza Pinto. “O polo pode dobrar de tamanho, seja em quantidade de produtos e faturamento”, diz.
Ele acrescenta que 2025 pode ser de crescimento recorde para o Vale da Eletrônica. “A perspectiva é de que seja o melhor ano, desde os anos 80”, frisa.
Outro fator que deve ajudar nos negócios no próximo ano, conforme Souza Pinto, é o desenvolvimento de soluções para reduzir os impactos da falta de mão de obra vivenciada por diversos segmentos no País.
Apesar das perspectivas positivas para 2025, o dirigente ressalta que há desafios a serem superados no próximo ano, como elevada taxa de juros e dólar alto frente ao real. Além do impacto na compra de insumo do exterior, ele explica que a cotação elevada da moeda norte-americana reduz a competitividade dos produtos do Vale da Eletrônica.
Ele explica que, em torno de 38% da matéria-prima do polo, como componentes eletrônicos e semicondutores, são de fora do País, com o dólar mais caro, há impacto no preço final do produto em razão da necessidade dos repasses.
Neste ano, conforme o dirigente, o desempenho do dólar não chegou a causar impactos expressivos, já que a elevação da moeda se tornou mais intensa no fim do exercício.
Para 2025, ele diz que tem receio com relação a mudanças trabalhistas. O presidente do Sindvel considera que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tramita no Congresso com o objetivo de reduzir a jornada de trabalho no País vai repercutir drasticamente em todo o setor produtivo, em especial, para as pequenas e médias empresas, que já atuam com margens apertadas e teriam ainda mais aumentos nos custos operacionais.
Balanço do ano
Para 2024, ele estima crescimento do faturamento do polo acima de 12%. Souza Pinto observa que, apesar da média positiva, nem todas as empresas do polo vivem a mesma realidade.
“Há ainda empresas com dificuldades, algumas em recuperação judicial, ao mesmo tempo há aquelas que dobraram o faturamento e até mesmo quem cresceu 500%, depende da área de atuação”, frisa. Souza Pinto conta que, diante da demanda, empresas do polo fizeram muita hora extra, inclusive aos finais de semana.
Empresas e emprego
O presidente do Sindvel ressalta que o tamanho do polo em termos de volume de empresas está em recuperação. Ele conta que houve uma redução durante o período da pandemia da Covid. “No final de 2022, começo de 2023, eram 128 empresas, hoje são 170”, diz.
Além da quantidade de empresas, o emprego também está aumentando. No fim de 2022, eram em torno de 12 mil postos de trabalho. No ano seguinte, chegou próximo dos 14 mil empregos. E, em 2024, está na casa de 17 mil postos de trabalho. “No ano que vem, o emprego deve crescer no polo, mas não no mesmo patamar do lançamento de produtos e do faturamento em razão do crescimento da automação”, explica.
Souza Pinto diz que com o apoio do Sebrae pretende conseguir o registro de Indicação Geográfica (IG) do setor. “Em 2025, vamos protocolar isso no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). É como se estivesse requerendo a patente de Santa Rita do Sapucaí como o município que produz eletrônico no mundo, o que vai atrair mais empresas para a cidade”, diz.
O IG é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.