Locais de nossa cidade que receberam nomes de políticos brasileiros

(Por Carlos Romero Carneiro)

Praça Santa Rita

Uma conversa entre um grupo de historiadores locais levantou uma questão interessante sobre o passado de um dos locais mais emblemáticos de nossa cidade. Afinal, quantos nomes teve a praça central, até ser nomeada praça Santa Rita?

Ainda não sabemos qual foi o primeiro nome dado à nossa praça mas, segundo jornais veiculados em nossa cidade, podemos verificar que, em 1911, vinte e dois anos após a Proclamação da República, a praça chamava-se Marechal Deodoro, em referência ao militar responsável pelo golpe que derrubou a monarquia no Brasil, um ano após a abolição da escravatura.

Em 1922, ano de comemoração do centenário da independência do Brasil, nossa praça aderiu a uma tendência que tornou-se comum em diversas cidades e o local passou a se chamar praça da Independência.

No final da década de 1920, o então presidente da república, Washington Luiz, quebrou um acordo com a elite agrária de Minas Gerais, na chamada República do Café com Leite, e apoiou o paulista Júlio Prestes para a presidência da República. Em retaliação, a oligarquia agrária mineira apoiou Getúlio Vargas, o que desencadeou, em 1930, uma revolução do ditador gaúcho que se estenderia por 15 anos. Nesse período, a nossa praça passou a se chamar Getúlio Vargas, como aconteceu em uma grande quantidade de municípios brasileiros.

Três anos após o fim da ditadura Vargas, os governantes locais perceberam que já era seguro alterar o nome de um dos pontos preferidos dos moradores de Santa Rita do Sapucaí e, em 1948, a praça passou ser chamada Santa Rita, denominação que conserva até os dias de hoje.

Nomes de outras ruas

Para se ter ideia da influência dos políticos de expressão nacional, principalmente no início da fase republicana, em nossa cidade, vale a pena relembrar os nomes de algumas das principais ruas, no final do século XIX. A antiga rua da cadeia, ainda hoje denominada Quintino Bocaiuva, faz menção ao redator do Manifesto Republicano e primeiro ministro das relações exteriores da República. Ao lado de Benjamin Constant, ele foi o único político que cavalgou com Marechal Deodoro e suas tropas em direção ao quartel-general do Exército brasileiro, na manhã de 15 de novembro, data em que é comemorada a proclamação da República brasileira.

Por falar em Benjamin Constant, ele também chegou a dar nome à rua da Estamparia, que – mais tarde – receberia o nome de Cel. José Palma Rennó. Assim como Bocaiuva, Constant era maçom e exerceu forte influência no meio militar, do qual fazia parte e exercia a função de professor, para que a república fosse proclamada.

Outra personalidade do final da monarquia e início da República, Barão do Rio Branco, político e diplomata que dá nome à rua do Castelinho, também era maçom, o que pode sinalizar a influência de Delfim Moreira na escolha dos nomes emprestados a algumas vias da cidade.

Outro importante político brasileiro, membro do Partido Liberal e apoiador da Monarquia, até às vésperas da proclamação da República, Cesário Alvim se converteu ao Partido Republicano e foi Ministro do interior no governo Deodoro da Fonseca. Seu nome seria emprestado à rua que tem início onde hoje está localizada a Alameda das Flores, que se encontra com a Silvestre Ferraz (rua da ponte). Mais um influente político mineiro que deu nome a uma via pública de nossa cidade.

Silvestre Ferraz foi o deputado mineiro responsável pela chegada da estrada de ferro à nossa cidade, durante a expansão ferroviária promovida pelo então Presidente de Minas Gerais (governador), Afonso Pena. O nome de Afonso Pena também seria utilizado, naquele mesmo momento, para nomear a estação de trem.

Ao analisarmos os motivos que levaram os santa-ritenses a denominarem alguns dos principais logradouros, conseguimos traçar uma perspectiva daquele momento e entender as mudanças nas inclinações dos governantes, no decorrer dos anos. Uma pequena visão histórica, através de ruas, praças e construções.

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