Militar santa-ritense retorna ao Brasil após missão na guerra da Ucrânia

Depois de seis meses no front europeu, o ex-Legionário retorna a Santa Rita do Sapucaí e relata as emoções do reencontro com a mãe e as marcas deixadas pelo conflito.

Depois de seis meses no front europeu, o ex-Legionário retorna a Santa Rita do Sapucaí e relata as emoções do reencontro com a mãe e as marcas deixadas pelo conflito.

Após seis meses longe de casa, o militar Patrick José Gonçalves, natural de Santa Rita do Sapucaí, voltou ao Brasil há cerca de duas semanas, encerrando um ciclo de intensas experiências e riscos na Guerra da Ucrânia. O reencontro com a mãe, Flória Aparecida Pereira Gonçalves, foi o ponto alto desse retorno — uma mistura de alívio, emoção e gratidão por estar vivo.

Teve momentos que achei que não teria essa oportunidade. Quando cheguei aqui, foi muito marcante ver minha mãe. Eu cheguei de surpresa, falei que não ia vir e depois acabei vindo. Foi algo que marcou minha vida, poder encontrar eles depois de tudo que passei na guerra, contou Patrick, visivelmente emocionado.

Missão voluntária no front ucraniano

Desde abril, Patrick atuou como voluntário no leste europeu, em meio a um dos conflitos mais intensos da atualidade. Em vídeos gravados por ele, é possível ver cidades devastadas e casas abandonadas, retratos duros de uma guerra que ainda parece distante para muitos brasileiros.

Ser militar hoje pra mim é algo que escolhi pra minha vida. Estar nesse cenário de guerra e poder contribuir da forma que acredito para o povo ucraniano é o que eu sei fazer”, declarou.

O coração de uma mãe em vigília

Para Flória, mãe de Patrick, a saudade se tornou uma constante companheira. Mesmo com o medo, ela aprendeu a lidar com a distância e o perigo. “Cada cidade que ele chega tem que ligar pra mim. Eu fico escutando jornal todo dia pra saber o que acontece lá”, contou.

O filho, por sua vez, promete seguir sua vocação, mas garante que o laço familiar o mantém firme.
Voltei vivo pra cá e vou tentar voltar vivo de novo. Isso depende de Deus”, disse antes de se preparar para um possível retorno à Ucrânia.

Um soldado de causas e convicções

Com passagens pelo Exército Brasileiro e pela Legião Estrangeira Francesa, Patrick decidiu se unir às forças ucranianas movido pelo desejo de ajudar um povo em sofrimento. Minha maior motivação foi ajudar a Ucrânia e o povo ucraniano a se libertar dessa injustiça que a Rússia vem fazendo com eles, afirmou o sargento.

Mesmo acostumado à vida militar, ele admite que o conflito o marcou profundamente. A realidade da guerra é muito cruel. Infelizmente perdi três amigos — dois colombianos e um brasileiro. Há duas semanas vivi o pior momento no solo ucraniano”, revelou.

Raízes e esperança

Durante os dias de descanso em sua terra natal, Patrick aproveita para reencontrar amigos, familiares e reconectar-se com o cotidiano simples de Santa Rita do Sapucaí, cidade que o viu crescer. Enquanto isso, sua família vive cada chamada de vídeo e cada ligação como um presente — um respiro entre a guerra e a paz.

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