O que vi na Expo Osaka 2025

(Por Roberto de Souza Pinto)

Estar entre o seleto grupo de líderes sindicais escolhidos para integrar a “Missão Japão 2025”, organizada pela FIEMG em parceria com o Governo do Estado de Minas Gerais, foi uma grande honra e satisfação. Essa foi uma ação estratégica, com o objetivo de estreitar parcerias comerciais entre empresas mineiras e investidores japoneses, além de consolidar Minas Gerais como um destino seguro e promissor para novos investimentos.

A missão foi enriquecida pela presença de empresas brasileiras de renome com as suas marcas e representantes como: Vale, Usiminas, Gerdau, Sigma e Anglo American; além de lideranças políticas e institucionais.

Um dos pontos altos da nossa agenda foi a visita à Expo 2025 OSAKA — uma feira mundial que acontece a cada cinco anos, desde 1851.

A cada edição, o país-sede constrói uma estrutura monumental cedendo espaço para centenas de países instalarem seus galpões de exposição para receber visitantes do mundo inteiro. Neste ano, o Japão criou uma verdadeira ilha artificial, feita de madeira, montada toda com encaixes, sem usar um único prego — uma obra de arte arquitetônica.

Mais de 100 países participaram da exposição divididos em pavilhões temáticos onde apresentaram ao mundo o que têm de mais inovador. O Brasil também se fez presente, com ênfase em sustentabilidade, cultura, biodiversidade e negócios. Neste último aspecto, o Brasil mostrou sua força em setores como turismo, agronegócio, mineração, aeronáutica, entre outros. E é com orgulho que destaco o protagonismo de Minas Gerais nesse contexto: a missão mineira até o momento foi a mais representativa e com o maior número de participantes, tanto de empresas da iniciativa privada, quanto do setor governamental.

Entre os países que mais nos chamaram a atenção, destaco a Alemanha, com seu modelo de construção sustentável e economia circular; a Argentina, com foco em inovação social; a França, que abordou o tema do engajamento global; a Espanha, que apresentou soluções em sustentabilidade marinha; os Estados Unidos, que deram ênfase à exploração espacial e inteligência artificial; e o próprio Japão, que encantou com um pavilhão centrado na harmonia entre vida, cultura e tecnologia.

Nossa agenda foi intensa e variada além da EXPO OSAKA. Visitamos indústrias, universidades, além de pontos turísticos e culturais. A FIEMG dividiu os participantes em grupos, e o grupo ao qual integrei teve a oportunidade de visitar a sede da Panasonic, localizada a 200 quilômetros de Kioto. Lá, fomos recebidos pelo presidente mundial da empresa, que, para nossa surpresa e alegria, leu seu discurso em português. Ele fez questão de destacar a importância da fábrica da Panasonic em Extrema, ativa desde 2012.
A relação entre Minas Gerais e o Japão é antiga e sólida. Desde 1958, com a fundação da Usiminas, passando pela instalação da Panasonic, pela indústria de lítio sustentável no Vale do Jequitinhonha — a maior da América Latina — até os projetos mais recentes em semicondutores, essa aliança tem se mostrado duradoura e promissora.

Outro momento marcante da missão foi a imersão na Universidade de Osaka. Participamos de um curso sobre pesquisa e desenvolvimento de produtos. Fiquei impressionado com a didática e com a forma como o professor demonstrou a criação de um robô, desde a concepção, os primeiros protótipos, até sua aplicação prática em ambientes fabris.

O Japão é, sem dúvida, uma referência mundial em tecnologia e inovação. Mas talvez o que mais me marcou tenha sido a experiência cultural. A disciplina, o respeito ao próximo e às instituições, o cuidado com os espaços públicos, a higiene e o senso coletivo são admiráveis. É um país onde não se vê lixo nas ruas, nem mesmo lixeiras — isso porque cada cidadão é responsável pelo seu próprio descarte. Nas escolas, são os próprios alunos que limpam as salas de aula. E a hierarquia se faz presente e destacada desde o começo da vida das crianças, até mesmo nos uniformes escolares.

Volto dessa missão com a certeza de que não apenas avançamos na construção de pontes comerciais com o Japão, mas também trouxemos valiosas lições de vida, cidadania e comprometimento. São valores que, se incorporados a nossa cultura, podem nos ajudar a construir um Brasil melhor — mais respeitoso, produtivo e sustentável.

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