Moradores do bairro dos Fagundes inspiram composição musical

Luíza Brina e Jade Faria (Foto: Nayron Rodrigues)

Uma matéria publicada por alguns veículos especializados no segmento musical trouxe uma informação interessante sobre a nossa cidade. Uma reconhecida cantora contou que havia se inspirado em uma fotografia da casa de seu avô, que havia morado no bairro dos Fagundes, para criar a sua nova música. Partimos para desvendar quem teria sido o senhor José e a sua esposa, dona Celina, capazes de inspirar uma canção sutil e muito bonita. A história você confere a seguir.

Uma fotografia é capaz de despertar inúmeras lembranças de uma pessoa. Quantas histórias cabem na imagem de alguém que você não conheceu, mas que vivem através das memórias contadas? É pelas passagens da família paterna que a cantora Jade Faria passeia em seu novo single “Retrato”, que chegou, no dia 15 de agosto, com distribuição da Tratore. Com arranjo de violão e cordas assinado por Brina (muito elogiada por seus arranjos no celebrado álbum “Prece”) e a nostalgia da viola caipira, com arranjo de Jade Faria e Rafael Gonzá, a canção evoca a paisagem e os sons do sertão de Minas Gerais – raízes da família de Jade – para lembrar a história de seu avô José.

A casa dos avós de Jade Faria, no bairro dos Fagundes.

“Retrato” é a (re)construção de uma memória que faz parte da família de Jade, em Santa Rita do Sapucaí, e que a acompanha e a define como pessoa, filha, neta e artista. Ainda que não o tenha conhecido, Jade carrega seu avô consigo. “De alguma forma, sinto que, através das histórias de meu pai, sei quem ele era: homem tímido que falava pouco, mas muito certeiro com o que dizia“.

Seu Zé Ribeirinho era trabalhador rural e vivia do que cultivava na roça, distante do centro da cidade de Santa Rita do Sapucaí, no bairro dos Fagundes. Levantando antes do nascer do sol para cuidar dos bichos e passando o dia arando terra, José só voltava para dentro de casa à noite, para ficar ao redor do fogão de lenha e contar histórias para a família e, então, ir dormir para repetir a rotina no dia seguinte. Seu pai e seus tios o ajudavam como podiam, enquanto sua avó, matriarca, cuidava da casa.

“O desejo da minha vó era mandar os filhos pra cidade para que pudessem estudar e não precisassem viver na roça, vida que ela dizia ser muito dura. Assim foi: com 8 anos, meu pai saiu de casa para morar na cidade, em casa de primo, de tia, de parente”, narra Jade.

Sua avó Celina, que faleceu em 2021 com 94 anos de idade, contava que o vô Zé ficava emocionado e chorava quando lembrava os filhos, dizendo que, por ele, teriam ficado ali mesmo. “Ele queria que eles voltassem, mas minha avó dizia, mesmo com o coração doído da distância, que o melhor para eles era ficar na cidade”, recorda a artista.

Acesse para ouvir o clipe da música “retrato:

Clique para ouvir uma canção baseada em moradores de Santa Rita do Sapucaí

Para nunca esquecer

“Retrato” nasceu despertado por uma fotografia encontrada por Jade, revisitando caixas guardadas pela família. “Quando abrimos uma das caixas, a primeira foto, bem ali no topo de todas e virada pra mim, era um retrato de meu avô paterno, José. Olho no olho com o retrato, comecei a relembrar as histórias que meu pai contava sobre sua infância e logo depois compus a canção. Ela saiu assim inteira, de uma vez só, com uma urgência de memorar”, conta Jade.

Ter Luiza Brina junto como co-produtora já era um desejo antigo. Brina somou desde a pré-produção, idealizando os possíveis caminhos para a música, imaginada com arranjos elaborados, até a edição. “Luiza tem uma sensibilidade e uma linguagem muito própria para arranjos. Pra mim ela é uma das melhores arranjadoras deste Brasil”, destaca a cantora. Luiza Brina, também mineira, como o avô de Jade, foi responsável pelo arranjo das cordas e do violão, também tocado por ela.

Senhor José Ribeirinho, do bairro dos Fagundes.

Jade e Luiza fizeram juntas o arranjo de vozes; Bruno Corrêa foi o responsável pela mixagem e masterização. “O que conseguimos realizar com essa música me emociona profundamente, por ser o meu primeiro trabalho com um arranjo de cordas tão complexo e por ser a primeira vez (de muitas, tomara) que realizo esse desejo de trabalhar com Luiza”, destaca.

Fonte:

“Rolling Stone” (P. Figueiredo) e “O Grito” (Antônio Lira) .

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