(Elísio Rosa)
Uma das tradições em Santa Rita era de, nas festas juninas, os festeiros patrocinarem uma festa dedicada a um santo de sua devoção. O santo mais concorrido era São João. A festa acontecia na data da sua consagração, 24 de Junho. Essa reverência acontecia à noite perto da residência do festeiro. Erguia-se um mastro com a bandeira do santo junto à casa. Havia distribuição com fartura de quentão, broa de fubá e biscoito de polvilho. Um pouco mais distante via-se a fogueira onde os troncos de árvores eram queimados até ao amanhecer. Havia sempre a diversão do pau de sebo. Este era um tronco de eucalipto. Tiravam-lhe a casca e passavam sebo de vaca em toda sua extensão de uns cinco metros. Fincava-o no chão de terra batida e na sua ponta uma nota de certo valor bem cobiçada. Quem conseguisse subir no pau de sebo ficava com aquele valor. Não havia regulamento: era subir e pegar o dinheiro. A maioria que tentava não chegava a um metro.
Cutuba, homem de grandes feitos, disse pro pessoal que ele conseguiria pegar o dinheiro. A dúvida foi geral. Uns diziam: Mais de dez não conseguiram não é ele que vai conseguir. Cutuba propôs fazer uma aposta que consistia em que, se ele chegasse e pegasse o dinheiro, ganharia a aposta. E, se não conseguisse, pagaria a aposta. Muitos apostaram com Cutuba achando que ele não iria conseguir. Diziam: Ele vai perder. E como ele vai conseguir pagar tanto dinheiro? Enquanto Cutuba esperava a sua vez, ele pediu para ir até a beira do rio fazer xixi. Cutuba passou areia nos pés, no peito sem camisa, nas pernas e mãos. Ele estava preparado para a façanha. Ao chegar a sua vez, fez o sinal da cruz e subiu como um gato e pegou o dinheiro para a tristeza dos perdedores. Acabava de receber o dinheiro quando Nenzinho, que fazia as suas necessidades na capituva, apareceu falando que o Cutuba tinha passado areia no corpo. Cutuba saiu de fininho e numa disparada com o dinheiro, sumiu pela Rua do Queima e o povo atrás. Depois de um mês ele apareceu de mansinho.