(Por Elísio Rosa)
Naquele ano, como nos anos anteriores, a animosidade carnavalesca tomava conta da cidade. Tanto os Democráticos como o Ride Palhaço procuravam apresentar o melhor desfile de carnaval do Sul de Minas. Gozavam de tanto prestígio que foram convidados a desfilar em Pouso Alegre, num sábado de Aleluia. Investimentos para os blocos surgiam como por encanto. Não havia parcimônia. Naquele ano, os ensaios dos Democráticos foram realizados num galpão disponível na indústria de confecções do Sr. Bruno Matragrano.
Eu e o Aloísio Ribeiro e outros neófitos músicos instrumentistas fomos, mais uma vez, solicitados para tocar. Nós não éramos bons músicos, hoje eu reconheço. Tocávamos mais de ouvido do que de leitura musical. Quando nos foi solicitado para tocar uma marcha de carnaval, vinda do Rio de Janeiro, nós a tocamos errado. A dona Lourdes Brigagão, que estava no ensaio, educadamente, veio nos ensinar a tocar as notas musicais em quiálteras inseridas na marcha. Ela era uma exímia musicista.
Nos ensaios posteriores, chegou de viagem o trompetista João do Carmelo que deu um bom reforço para a parte instrumental que necessitávamos. Quanto à percussão não havia problema com aqueles cidadãos que desciam o morro.
O Ride Palhaço, como sempre, requisitava os melhores músicos da cidade para o seu bloco, pagando-lhes um bom cachê. Bons músicos eram importantes em uma época em que não havia trem elétrico e carro de som. As músicas eram cantadas pelos desfilantes, ao som dos instrumentos melódicos e de percussão. Pelos nossos esforços e paixão, igualávamos aos músicos do Ride.
No dia da apoteose, estávamos no morro em meio a centenas de simpatizantes. Ficávamos atrás das duplas dançantes durante o desfile e, mais atrás, os carros alegóricos. Era uma euforia esplendorosa ver e sentir tanto brilhantismo. As estrelas dos Democráticos jamais foram ofuscadas!