(Por Rita Seda)
Muito já se escreveu sobre a história do café, mas deixo aqui um outro ângulo sobre este tema.
A primeira citação que a história registrou sobre a existência deste arbusto foi em 575 D.C.
Originário das terras altas da Etiópia e do Sudão (Cafa e Enária), os frutos e folhas do cafeeiro eram usados com fins medicinais para cura de vários males, mas os primeiros habitantes do planeta a consumir o frutinho foram as cabras. Valendo da regra no campo, se o animal come não é veneno, o pastor também experimentou a fruta que deixava suas cabras “elétricas”. Para aqueles que já provaram o fruto in natura ou absorveu seu sumo deve entender que este pastor deve ter amado o sabor e ficado com uma boa disposição iniciando, desta maneira, o consumo destes frutos, passando depois a consumi-los em forma de pasta, amassando sua polpa e misturando com manteiga.
As folhas passaram a ser usadas em infusões e os grãos podiam ser torrados ou usados em forma de sucos ou pastas; uma prática esquecida pelos apreciadores, mas que os que são amantes da medicina natural resgataram.
Até o séc. XIV o café era exclusividade da Etiópia e Sudão, somente nestas terras podiam ser encontrados estes grãos magníficos. Então, mercadores árabes conseguiram levar sementes para a península arábica e propagar a planta na região montanhosa de Moka, atual Iêmen e ela se adaptou tão bem na região que o Iêmen se tornou o maior produtor de Café até o sec. XVII.
Os cafeicultores sabem que o cafeeiro é um arbusto com alguns caprichos: precisam de água farta, temperatura amena, não suporta geada ou o sol escaldante, sendo que este realmente escalda as suas folhas num processo chamado escaldadura; sendo assim acredito que as sementes foram testadas em vários locais com diferentes climas e topologias até conseguirem que o cafeeiro encontrasse um local que o agradasse.
Não foi diferente a expansão de seu cultivo pelos holandeses. Muitos lugares testados e alguns com resultado. Aqui recordo que o café só pode ser cultivado em determinados solos e climas, depois da revolução verde iniciada na década de 50 nos EUA.
O consumo da bebida se espalhou pelo oriente médio e logo se tornou a bebida mais popular entre os muçulmanos, e em 1475 surgiu a primeira cafeteria de que se tem notícia chamada Kiva Han.
No Séc. XVII, mesmo com uma proibição governamental de venda/troca de semente de café, os holandeses conseguiram sementes do Iêmem e as levaram para sua colônia chamada Ceilão.
O arbusto teve boa adaptação na Batávia e depois foi levado para Java, Sumatra, Sulawesi, Timor Ocidental, Flores e Suriname.
Java se transformou no maior exportador de café, perdendo o posto em 1840 para o Brasil.
O maior propagador de café foi a Holanda, que também proibia a comercialização das sementes/mudas, e de seu Jardim botânico vieram mudas para a Guiana Holandesa.
Quando veio para a Guiana Holandesa faltava pouco para chegar ao Brasil, tendo apenas que fazer um pit stop na Guiana Francesa, entrando no Brasil pelo Pará. Do Pará foi… esta é uma outra historia!