Um pedal com Luciano Anézio Felipe,o líder dos Choco Bikers

Luciano Anézio Felipe, conhecido como Chocolate, é uma das pessoas mais legais e divertidas da cidade. Nesta edição, pedalamos com ele por estradas distantes e histórias surpreendentes. confira!

Como teve início a sua paixão pelo ciclismo?
Quando me separei, em 2017, fiquei meio perdido. Eu ainda trabalhava na JFL, uma amiga ficou sabendo do acontecido e perguntou se eu tinha bicicleta. Ela me convidou a tomar parte em um grupo chamado Go Bikers, que era muito procurado por pessoas que buscavam se reconectar, fazer novas amizades e mudar um pouco os hábitos. Até então, eu não tinha intenção de pedalar e nem queria ir tão longe. Eu tinha uma bikezinha Caloi e comecei com ela, sem nenhuma pretensão.

Como eram esses primeiros passeios?
Eram bem amadores. Andávamos pela cidade, durante à noite. Algumas vezes, íamos até o trevo de cachoeira ou na Cachoeirinha. Eram pedais bem curtos. Eu não tinha nenhuma intenção de me tornar ciclista, não usava roupas adequadas e nem via sentido nisso porque acreditava que seria só uma fase, coisa momentânea.

Foi tudo gradual, não é?!
Sim! Aos poucos fui criando um vínculo com aquelas pessoas, foi aumentando a minha vontade de melhorar meu desempenho e de pedalar várias vezes por semana. No começo, pedalava somente uns cinco ou dez quilômetros. Depois de um tempo, já estava pedalando vinte, consegui chegar até Pouso Alegre e aquilo me deixou muito contente. Cheguei a ligar para a minha mãe de lá para contar, tirei foto e achei tudo muito novo e divertido. Aquela sensação de conquista passou a fazer bem, meu físico começou a se transformar e me reestruturei emocionalmente, após a situação difícil que vinha passando.

Você naquele momento percebeu que o esporte estava fazendo bem para a sua vida?
Quando nós praticamos esportes, liberamos substâncias no nosso organismo que funcionam como antidepressivo e, muitas vezes, conseguimos nos curar através daquele caminho. Há todo um conjunto de benefícios. O lado social é beneficiado através do contato com diferentes pessoas, o nosso físico também é aprimorado e trabalhamos muito o mental quando vemos lindas paisagens junto de pessoas bacanas.

E você foi querendo evoluir cada vez mais?
De vinte quilômetros, passei a pedalar trinta, quarenta, cinquenta, cem, cento e vinte quilômetros, até pedalar quase duzentos!

Como funciona o pedal em Santa Rita? Existem grupos diferentes para cada nível de evolução?
No meu caso, comecei no Go Bikers, do Ricardo Braga. A nossa diversão favorita era ir até o Alto das Cruzes, ao lado do Abertão, para comer coxinha. Este grupo foi muito importante para mim, pois ali fiz grandes amigos, descobri o prazer por pedalar, mas sentíamos a necessidade de ir mais longe. Foi aí que criamos um novo grupo. O nome era “Sete Laranjas” porque eu tinha o costume de encher a mochila de frutas e sempre levava uma laranja para cada integrante. Naquela época eu carregava tudo na mochila. Levava melancia, abacaxi, laranjas e chegava a pedalar cento e tantos quilômetros com aquele peso nas costas. Em um desses passeios, tivemos a infelicidade de perder uma de nossas amigas.

Ela sofreu um acidente?
Nós estávamos indo a Aparecida do Norte, há dois anos, e essa amiga estava junto. Um carro veio na contramão atropelou duas integrantes do nosso grupo e acabou matando uma delas. A outra ficou ferida e até hoje está se recuperando do acontecido. Na ocasião, estávamos subindo a serra, depois de Itajubá, em quinze pessoas. Era madrugada, duas da manhã. A Maria Nilza era muito minha amiga e trabalhava como cabeleireira na cidade. Foi ela quem deu o nome do nosso grupo de “sete Laranjas”.

Você chegou a pensar em parar de pedalar depois desse episódio?
Totalmente. Nós ficamos com muito medo e demorou muito para criarmos confiança novamente. Toda perda que é muito significativa para nós gera este tipo de reação.

Vocês voltaram a Aparecida do Norte depois do que aconteceu?
No último sábado, fomos pela primeira vez para lá. Era nossa intenção ressignificar aquela viagem e concluir um trajeto que, na primeira tentativa, finalizou na ida e de forma trágica. O caminho da fé é muito bonito. Desta vez, fizemos a viagem somente por estrada de terra, ao contrário da primeira vez. Viajar pelo asfalto é um perigo! Nunca mais faço isso.

Como teve origem o Choco Bikers?
Com o passar dos anos, o “Sete Laranjas” começou a enfraquecer e o grupo desanimou. Surgiu a ideia de criarmos um novo grupo e todos deram sugestão de nomes. Como as pessoas me conhecem como Chocolate, alguém sugeriu que se chamasse “Choco Bikers” e a turma gostou. Hoje somos em, aproximadamente, vinte e cinco pessoas.

Com que frequência pedalam?
Durante a semana fazemos pedais noturnos, geralmente às terças e quintas. Estes percursos costumam ser menores e variam entre trinta e quarenta quilômetros. Aos sábados, costumamos pedalar, mais ou menos, cem quilômetros.

Qual foi o lugar mais longe que vocês já foram?
No Mirante do Balanço do Infinito. Na serra de Piquete você entra à direita e segue uma trilha até o local. São cento e noventa e cinco quilômetros.

Qual é o lugar que você ainda pretende ir?
Eu queria muito chegar a Aparecida e fizemos isso na última semana. Posso dizer que esta última viagem teve um significado importante para nós. Não foi fácil por muitos motivos. É um caminho de cento e quarenta e cinco quilômetros e com muitos morros. Não é à toa que o chamam de “Caminho da Fé”. Cheguei ao destino destruído, mas valeu a pena. Já estou pronto para outra.

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