(Por Carlos Romero Carneiro)
Um livreto datado de 1917 e produzido pela tipografia do jornal “O Correio do Sul” encontra-se entre os arquivos do Museu Histórico Delfim Moreira e apresenta informações interessantes sobre o Instituto Moderno de Educação e Ensino (IMEE). Dirigido pelo educador João de Camargo e fundado cinco anos antes de tal publicação, o Instituto ocupou o local onde, hoje, está localizado o Inatel.
Somente naquele ano, foram matriculados nos cursos masculinos 178 alunos, sendo: 93 para o curso Pedagogium e 85 para o Gymnasio. Já para os cursos femininos, o IMEE realizou, naquele ano, 131 matrículas, sendo: 58 para o Pedagogium e 73 para a Escola Normal. Em 1917, 8 alunas conseguiram finalizar o Curso Normal.
Dentre os professores do instituto, destacava-se Godofredo Rangel, que lecionava e atuava como contador para complementar a renda, em um tempo em que juiz possuía salários super reduzidos. Já naquela época, Rangel era reconhecido como um dos maiores escritores do país, sendo autor de “Vida Ociosa” (possivelmente inspirada no cotidiano local) e de “Os bem casados”, dentre outras obras.
Outro professor citado no quadro de docentes de 1917 foi José Del Picchia, irmão do poeta modernista, Menotti Del Picchia. Muitas construções históricas, como o extinto mercado, o antigo coreto e uma fonte de pedras superpostas (conhecida como fonte do Jacaré) seriam produzidas por ele, ao lado de outro professor que ainda não aparecia entre o quadro de colaboradores: Pergentino Dutra, o Pingulu.
Dentre os alunos citados pelo livreto e que iriam prestar exame no Colégio Pedro II para continuar os estudos, estava Sílvio de Camargo, filho do diretor e que, anos depois, se tornaria almirante. O lendário clínico, Edmundo Prado Moreira, também estava entre os alunos relacionados para realizar tais provas.
Veja como foi o encerramento do ano letivo no IMEE: “No dia 19, apesar da chuva que começou a cair com insistência desde o meio dia até uma em ponto, reuniram-se em frente ao Ginásio diversas famílias, alunos e alunas da Escola Normal, Pedagogium e Grupo Escolar “Delfim Moreira”, onde realizou-se a entrega da bandeira ao batalhão ginasial. Pouco antes, precedidos da banda musical, haviam chegado ao vasto pátio do edifício, o Tiro 290 e o batalhão de alunos. Em determinado momento, a menina Sinhá Moreira, ladeada por outras pequenas, empunhando um majestoso símbolo, adiantou-se e, após uma oração da menina Jandyra Ibrahim, entregaram ao oficial competente a bandeira que lhe era oferecida. Nesse momento, fez-se ouvir, forte e vibrante, o hino nacional. Seguiu-se ao ato um discurso do aluno Sílvio de Camargo. Após a continência à bandeira, o Tiro 290 e o batalhão ginasial, sob o comando do Tenente instrutor, Quintiliano de Castro e Silva, retiraram-se.
A todas as famílias presentes foi servida uma grande quantidade de doces e bombons. À tarde, foi aberta uma exposição de pinturas e desenhos, costura e trabalhos manuais da Escola Normal e Pedagogium.
No dia 20, às sete da noite, no Theatro Santa Rita, foi aberta a distribuição de prêmios e a entrega de diplomas às normalistas, sob a presidência do Dr. Américo Lopes, Secretário do Interior, ladeado pelo Cel. Francisco Moreira, Agente Executivo Municipal. Estavam também presentes o Dr. Amphilóquio Campos do Amaral, Juiz de Direito; Dr. Leopoldo de Luna, Deputado Estadual; Dr. Francisco Falcão, Inspetor Municipal e o professor José Raposo de Lima, fiscal do governo em comissão. Na ocasião, foram lidas todas as notas dos alunos. Em seguida, foram realizados discursos por Maria da Glória Mendes (oradora), Américo Lopes, João de Camargo e por seu filho, Silvio de Camargo. As normalistas diplomadas (imagem acima) foram: Rita Gonçalves de Mesquita, Benedita Pinto Villela, Marina Palma V. de Vasconcellos, Maria da Glória Mendes, Jesuína G. Villela, Maria Ribeiro de Azevedo, Augusta Amália Ferraz e Maria J. Raposo Lima.