Por Maria Helena Brusamolin
Nossa aventura na Provence, no sul da França, começou na linda cidade de Aix-en-Provence, nossa base para as peripécias que ainda viriam a ocorrer.
Já saímos do Brasil com um carro alugado lá. Decidimos, Walkíria, Beth Andrade e eu, ir por conta própria, sem pacote, sem guia e sem horários fixos. Com um carro à nossa disposição, poderíamos vasculhar os arredores de Aix tranquilamente.
Tranquilamente? Sei… A primeira intercorrência aconteceu quando peguei o carro na locadora. Era um Captur, da Renault, que ainda não havia chegado ao Brasil. Lindo, alto, todo modernoso. Quando chegamos ao hotel, Walkíria desceu do carro e se dirigiu à portaria para pedir informações sobre como colocá-lo na garagem: pela frente ou pelos fundos. Eu, parada na rua com o carro funcionando, e nada de Walkíria voltar. Começaram a buzinar e tive que andar. Caí no trânsito e não conseguia achar o caminho de volta. Rodei em Aix por cerca de meia hora, caí dentro de um estacionamento, o vigia me xingou porque teve que se levantar para abrir a cancela, mas consegui sair e cair no trânsito novamente. Vontade de chorar, de matar a Walkíria, de chamar minha mãe… Depois de muito rodar, passei sem querer em frente à locadora e achei o caminho de volta. Esse foi o primeiro sufoco, mas tem mais…
Em Aix, nos hospedamos em um apart-hotel muito bom e bem localizado. No dia seguinte partimos felizes para conhecer Gordes, Isle Sur la Sorgue e Fontaine de Vaucluse, todas lindas e próximas umas das outras, localizadas na cadeia montanhosa do Luberon, que abriga uma das mais belas e típicas paisagens provençais. Realmente essa região da França merece ser visitada. Não tivemos muito problema com a comida, e o vinho de lá é sensacional.
Um outro sufoco que enfrentamos foi com o sistema de pedágio das rodovias francesas: não há cabine nem atendente. Na primeira estação você aperta um botão e recebe um cartão, mas só paga na próxima. Só que ninguém explicou isso para a gente, né? Ficamos paradas, eu com a metade do corpo pra fora da janela apertando tudo quanto era botão, enfiando cartão de crédito, dinheiro e tudo o que Wal passasse para mim. Sem contar o riso nervoso que nos atacou. No final, a cancela abriu e passamos. Uai, não tem que pagar? Vambora! Mas a conta chegou na estação seguinte onde você faz o pagamento com dinheiro ou cartão de crédito. Ufa! Aprendemos! Turista sofre…
Saindo de Gordes pegamos a estrada para conhecer os famosos campos de lavanda da Abadia de Senanque. Walkíria no banco do passageiro e Beth no banco de trás, só admirando a paisagem e a prosa comendo solta. sTcharan! Outro pedágio à frente. Mas agora a gente já estava craque. Prosa vai, prosa vem, a motorista aqui entra na cabine errada, daquelas do tipo Sem Parar. Pronto! E agora? A fila foi aumentando atrás de nós, os franceses buzinando e esbravejando. Sorte nossa é que a placa do carro era de lá e não de Santa Rita do Sapucaí, senão estaríamos mortas. No desespero eu disse a Wal que tomasse uma providência, pois ela sabia falar a língua deles, oras! Foi a salvação. Um rapaz muito educado nos ajudou pedindo aos outros carros que dessem ré para que pudéssemos sair dali. Salvas mais uma vez…
A maravilhosa vista dos campos de lavanda da Abadia de Senanque nos encantou e até nos fez esquecer a epopeia do pedágio. Coisa difícil foi conseguir fotografar sem que houvesse um asiático na frente, do lado ou atrás da foto. Você pede licença e eles não lhe dão bola. Conte até cem… (ou até mil).
Pensam que acabou? De jeito nenhum. Chegamos ao hotel, guardamos o carro na garagem e subimos para o quarto. Ops! Esqueci minhas Havaianas no carro. Desci novamente à garagem, peguei as sandálias no carro e pronto! A porta que dava acesso ao elevador não abria nem com reza braba. Sorte que eu não estava sozinha, lá estava um casal de espanhóis com um filho adolescente que não teve dúvidas, deu um tranco na porta e a danada abriu. Na verdade, eu estava agindo com muita delicadeza. A solução era na base da porrada mesmo. Pronto, chega de sufoco!
Nos dias seguintes nos encantamos com Avignon, onde conhecemos o famoso Palácio dos Papas, e Marselha, onde visitamos a Igreja de Notre Dame de la Garde, que fica no alto de uma colina com uma vista maravilhosa da cidade. Lá, fomos ciceroneadas por uma simpática amiga francesa da Walkíria. Ainda fomos a Arles e Salon de Provence, duas cidades encantadoras.
E finalmente, no dia 12 de julho, meu aniversário, devolvemos o carro na estação de trem de Aix, graças a Deus, e fomos para Paris. Um luxo passar o níver em Paris, né, gente? Wal e eu já conhecíamos a cidade, mas fizemos todos os passeios para que Beth pudesse desfrutar as belezas da cidade luz.
Ainda fizemos uma viagem ao Monte Saint-Michel, que fica na Normandia. Deslumbrante! É uma antiga abadia que foi construída por monges em homenagem a São Miguel Arcanjo. Os turistas se encantam com o movimento das marés que o circundam. Tem hora para chegar e sair de lá por causa delas. Outra viagem incrível foi ao famoso Vale do Loire com seus castelos lindos e cheios de história.
Dia de voltar para casa, mas antes fomos a um lugar incrível em Paris que é o bairro de Montmartre. Adoro! Cheio de artistas, gente descolada e tudo o mais. Primeiro assistimos missa na Igreja de Sacre Coeur e fomos almoçar na Place du Tertre onde nos despedimos de Paris degustando o famoso Boeuf Bourguignon. Au revoir, France!