Viajar é dar um “pause” na realidade.
Isto significa dar um “pause” de verdade, mergulhar na cultura do país visitado, frequentar os lugares que os moradores frequentam, sair um pouco do circuito turístico, utilizar os mesmos meios de transporte que eles, comer o que eles comem, e tudo o mais.
Eu sempre faço isso nas minhas viagens e até hoje me divirto quando me lembro da primeira vez que fui a Cássia, na Itália. Peguei um ônibus comum em Roma e parti para a aventura junto da italianada que não parava de falar, comer, trocar receitas, além de acompanhar cantando a música que o motorista insistia em colocar, acho que para silenciar os passageiros, mas era inútil, pois todos cantavam junto. Experiência incrível e divertida!
Outra coisa de que gosto muito é experimentar a comida local. Nesta viagem que acabo de fazer à Escócia e à Irlanda, já fui com o espírito prevenido de que lá não é a Itália nem é Portugal, países onde se come muito bem em qualquer restaurante que você escolha. E bebe-se muito bem também porque os vinhos são preciosos.
Muito bem. Para começar, o prato típico da Escócia é o chamado “haggis”. Quando a guia explicou do que se tratava, a maioria torceu o nariz, fez cara de enjoo, muitos disseram que não comeriam nem por um milhão e assim por diante. Quanto mais o pessoal comentava, mais aumentava a minha curiosidade. Para dizer a verdade, eu não sou enjoada para comer. Não me dando a tal dobradinha, os demais pratos eu encaro numa boa. Pensei então comigo: Vou comer esse trem! Esse tal de haggis, que é o prato nacional da Escócia, é um tipo de pudim preparado com vísceras de ovelha (coração, fígado e pulmões), picadas e misturadas com sebo (gordura animal) e aveia. A mistura é temperada com cebola, pimenta e outras especiarias. Esse recheio é cozido dentro do estômago do animal e é frequentemente servido com purê de nabos e de batatas. Na hora de servir, retira-se o recheio de dentro da tripa (estômago), ficando com o formato de um quibe grande. A aparência até que é convidativa, pois vem muito bem empratado, e ainda acompanha um molho que deve ser derramado em cima do dito cujo. Olhei, senti o aroma, tentei esquecer os ingredientes, engoli seco, tomei um gole de vinho, segurei na mão de Deus e fui! Primeira garfada, tudo bem. As porções que eu colocava no garfo eram compostas por trinta por cento de haggis e setenta por cento de purê. Segunda garfada, mais ou menos. Apesar de apreciar comida levemente apimentada, desta vez não deu. O cozinheiro deve ter errado a mão, pois estava insuportável, não pelo sabor, mas pela quantidade de pimenta. Não consegui passar disso, comi os purês, tomei o restante do vinho e saí do restaurante com fome. Mas valeu pela experiência. Agora eu conheço o prato típico da Escócia, provei, mas não aprovei. Fica a dica!

































