Atualmente, tenho visto muitas intrigas nas redes sociais. Geralmente são conflitos que derivam de diferentes gêneros de interesses e ideias, mas se avaliarmos o cerne das questões e argumentos que andam inflamando as mentes por aí, veremos que o que muda é apenas a moldura dos conflitos, os temas, pois o espírito é sempre o mesmo, sendo a busca constante da razão por intermédio de poucos fundamentos, o achismo como base de argumentação e os ataques pessoais como forma de defender uma ideia mal concebida, transferindo o foco de uma discussão que deveria visar resultados como informação e pesquisa, para ironias, apontamentos, e enfim, a conquista da razão por intermédio da minimização do “oponente”.
Tenho a impressão de que a maioria das pessoas acreditam mesmo que têm argumentos para quase tudo, mas são raros os que olham para dentro de si e buscam saber que tipo de mentalidade está construindo, de onde vêm nossos argumentos, e como isso pode de fato contribuir com a nossa formação integral, nossa caminhada na vida.
Acho interessante o fato de as pessoas passarem a vida aprendendo, e por isso, mudando de opinião, e mesmo assim, perderem a capacidade de olharem para esse processo, para constatar por fatos, que opinião não sobrevive por muito tempo. Muitas vezes, ao longo de anos, podemos adotar opiniões inversas a que tenhamos em um tempo passado. Sendo assim, as tão defendidas e valorizadas opiniões, não me parecem ir muito além dos conflitos do ego.
Olhando para isso, me pareceu pertinente que, em vez de ter opinião como uma formatação de ideia que garanta a segurança de ser, experimentemos as impressões. As impressões são leves, e cedem espaço para ouvir o outro com atenção. Tenho a impressão de que, por trás de uma ideia verbalizada, existe sempre algo a aprender e a respeitar, começando pelas diferenças.
Procure notar que geralmente quem defende veementemente uma opinião, acaba se inflamando nas emoções pois, estando a opinião fundamentada, acaba sendo como um tijolo na nossa construção pessoal, que quando tirado, ameaça as paredes do ego de ruir. Já, as impressões não pertencem a ninguém, são apenas interpretações momentâneas através de nosso ponto de vista. Cada um tem a sua própria impressão sobre coisas e fatos. Tenho a impressão de que a verdadeira atitude democrática começa no pensar e de que o respeito pelas diferentes interpretações e impressões seja uma base para isso.
Me parece que aprender a conviver com as diferenças, fazendo disso um processo de aprendizado com o próximo, pode tornar o convívio e a troca de ideias um ambiente enriquecedor e positivo. Tenho acreditado que viemos a este plano terreno com tarefas que valham mais do que regurgitar opiniões e rancores como um exercício de existência medíocre. Por isso, compartilhar impressões talvez seja um exercício mais coerente mediante ao que nos espera na experiência de aperfeiçoamento humano.
Tenho a impressão de que não ter certezas, não quer dizer que não tenhamos opiniões, nem que somos sem personalidade ou indecisos. A certeza de um indivíduo é uma verdade pessoal. Uma verdade temporal, que se vai junto com o portador. Portanto, compartilhar ideias com caráter de verdade sempre tem um pé no engano, pois a verdade pessoal é volúvel.
Diante da interpretação dessas possibilidades, me parece ser pertinente que cada um trabalhe na construção de sua verdade, conhecendo o máximo de ideias, pontos de vistas e impressões possíveis. Para isso, é preciso se abrir, aprender a ouvir e não só escutar. Escutar é com o aparelho auditivo; ouvir é com a mente, com concentração e respeito com a experiência compartilhada. No exercício de ouvir e respeitar as diferenças, além de aprender, estaremos sendo melhores para nós mesmos.
Hoje, essas são uma parte das minhas impressões,
Abraço, amigos!
Sandro Nogueira.
Músico e educador.