Santa Rita do Sapucaí tem sido castigada há alguns anos pela depressão econômica, seguida de um tufão que destruiu boa parte da cidade e, finalmente, por um inimigo invisível e pouco conhecido: o Coronga.
Talvez maior do que os impactos do Covid-19 sobre a nossa comunidade, esteja sendo o desenvolvimento de doenças secundárias… distúrbios mentais não menos silenciosos do que o coronavírus, mas tão devastadores quanto ele. O pânico, o medo, a angústia, depressão, transtornos obsessivos e psicoses, podem ser notados em pessoas próximas e merecem atenção maior. A tendência é um aumento nos casos de doenças mentais e até da violência em consequência de necessidades financeiras, do confinamento e do distanciamento social que se arrasta desde março.
Temos visto também que muitas pessoas, fartas do recolhimento, têm deixado de lado os procedimentos de prevenção e levado a vida como se a epidemia não existisse. Até li em algum lugar que cuidar da prevenção é “modinha”. Como a doença começa a se alastrar pelo interior de Minas nesse exato momento, os casos têm aumentado significativamente e já perdemos uma vida em decorrência do Covid-19.
Se as questões relacionadas à saúde têm sido muito debatidas nos últimos tempos, não menos importantes têm sido os questionamentos dos comerciantes sobre o futuro de suas atividades. Existem regras, mas a fiscalização e as sanções parecem não estar sendo suficientes, o que pode prejudicar os comerciantes que andam na linha.
O que nos parece necessário para que a economia se estabilize um pouco é que sejam criadas regras claras para TODAS as atividades e que tais regras sejam fiscalizadas com rigor. Afinal, pouco adianta apertar o cerco sobre alguns estabelecimentos enquanto outros – muitas vezes de impacto maior – estão em funcionamento e nem sempre são submetidos a uma fiscalização mais rigorosa.
Quanto ao uso de máscaras pela população, vejo como um ato de grandeza porque não usamos só para proteger a nós mesmos. Usamos para não contagiar o outro. O fato de alguns de nós não nos preocuparmos com a doença é que podemos transmitir o vírus e, indiretamente, sermos os responsáveis pelo sofrimento ou pela morte de outra pessoa (até de alguém que nós gostamos muito!). E não há religião, ponto de vista ou camaradagem que substitua a empatia… Sim! Pensar no outro é importante! Este é o verdadeiro gesto que faz de nós pessoas de valor. Quando vemos alguém com a proteção da máscara, enxergamos solidariedade, alguém que pensa no outro e que faz a sua parte para vivermos num “Recanto Feliz”, como diz – mais ou menos – a bandeira do município. E este gesto inclui podermos retornar à nossa vida mais rapidamente, não perdemos ou reconquistarmos nossos empregos, termos hospitais menos lotados, não haver fome na cidade e até acontecer menos atos de violência nas ruas. Lembro que, na Copa do Mundo, uma cena me chamou muito a atenção: após o jogo, um torcedor do Japão recolheu o lixo da arquibancada do seu time. Um lixo que não era dele. Ele fazia pelo coletivo e isso talvez explique a grandeza daquela nação. É desse senso de coletividade que precisamos… um pensando no outro.
Algo bom no meio de tanta incerteza têm sido as lives… E foi muito bacana o show do Patronagens em Tributo ao Pink Floyd e foi FENOMENAL o show de Chico e Clemente, organizado pelo Charlinho, em benefício dos Vicentinos. Vi poucas apresentações de artistas consagrados com a qualidade dos nossos talentos. E também não sabia que o Jovane, renomado guitarrista local, era tão bom na sanfona!
Para finalizar, talvez seja importante ressaltar que esta epidemia não depende do procedimento individual mas, sim, do COLETIVO. Não depende somente da opinião pessoal, mas da consciência de que nós – Santa Rita do Sapucaí – formamos um coletivo. Um bloco onde, se um cair, todos caem.
(Carlos Romero Carneiro)