Causos de uma rua foi arrastada pela enchente

(Por Leopoldo de Luna)

A Avenida beira-rio era conhecida, no passado, como rua da palha. Outro dia, soubemos que, na realidade, o nome correto era “rua da praia”, uma vez que a margem do rio era toda de areia e, por ali, viviam muitos colonos, em pequenas casas.

O trecho a seguir foi contado por Leopoldo de Luna em uma edição do Jornal Correio do Sul de 1967:

“Ali moravam duas pessoas muito populares: o Tibães, filósofo e quase analfabeto, que enchia a cidade com as suas piadas, seus ditos pitorescos, seus conceitos cheios daquela verdade que nem todos gostam de ouvir. Outro, o carpinteiro João Francisco, meio surdo e teimoso.

Em janeiro de 1906, a cidade foi avisada, por um telegrama de Itajubá, do volume das águas que desciam. Os moradores da rua da palha fugiram. Ele resolveu enfrentar sozinho a fúria das águas. Quando estas começaram a entrar em casa, trepou na mesa, colocou depois sobre a mesa um banco. As águas subiam. A casa era baixa. Agarrou-se à cumeeira. Passou para a cobertura. Daí, canoeiros caridosos o foram arrancar à força. Ele tinha a fama de possuir um crânio de aço. Conta-se que trabalhava como carpinteiro na construção de nossa matriz, quando um tijolo se desprendeu das mãos do pedreiro, lá do alto, caindo em cheio sobre a sua cabeça. O tijolo se espatifou. Todos correram para socorrer a vítima. Nada havia acontecido. Ele sacudiu o pó da cabeça, voltou-se para cima e gritou para os operários: “Mais um pouco de cuidado aí!” Agarrando ao enxó, ele continuou, tranquilamente, o seu serviço.”

Hoje, a Avenida beira-rio passou tornou-se uma das mais belas vias da cidade. No entanto, os seus maiores inimigos continuam as enchentes e os vândalos.

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