A Escola General Moreira Guimarães: lembranças de 1937 em Santa Rita do Sapucaí

A história por trás desta fotografia é muito maior do que parece. Clique e descubra.

(Carlos Romero Carneiro)

A fotografia registrada em 1937 mostra uma das turmas da Escola General Moreira Guimarães, instituição que funcionava no antigo prédio da Maçonaria em Santa Rita do Sapucaí. O retrato, repleto de expressões sérias e roupas cuidadosamente alinhadas, preserva não apenas a memória escolar da época, mas também a participação de famílias tradicionais da cidade e a presença marcante de educadoras que ajudaram a formar gerações.

À direita da imagem, a professora que aparece com um laço preto no vestido é Jovina Zordan Borges, lembrada com carinho pelos depoimentos de antigos alunos e familiares. Dona Jovina, mãe da professora Margherita Zordan, foi uma das educadoras que marcaram a vida escolar do município — seu semblante firme, mas acolhedor, representa a docência dedicada dos anos 1930.

Nos comentários de quem reconhece antigos rostos, surgem nomes que fazem parte da história santa-ritense:
Florestina Volpato identifica seus tios José Volpato e Venuto Volpato, seu pai Dante Volpato e suas tias Maria e Mafalda Volpato, todos muito jovens na fotografia, vestidos com os tradicionais terninhos da época. O registro se transforma, assim, em um documento afetivo, reunindo memórias familiares, trajetórias escolares e fragmentos da vida cotidiana de Santa Rita do Sapucaí.

Quem foi o patrono da escola: General José Maria Moreira Guimarães

O nome da escola homenageia o General José Maria Moreira Guimarães, militar sergipano nascido em 4 de novembro de 1864, em Laranjeiras (SE). Filho de Rufino Alves da Cruz Guimarães e Inácia Maria Moreira Guimarães, Moreira Guimarães ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha em 1882 e construiu uma carreira sólida em Artilharia, Engenharia e Estado-Maior — áreas estratégicas para o processo de modernização das forças armadas brasileiras no início da República.

Participou de momentos marcantes da história militar do país:
• atuou na repressão à Revolta da Armada (1893);
• em 1904 tornou-se adido militar do Brasil no Japão, marcando a presença brasileira num período de internacionalização militar;
• assumiu o comando da Escola Militar do Realengo em 1919, função de grande prestígio;
• foi reformado como general de brigada.

Além da carreira militar, destacou-se como intelectual. Publicou estudos de artilharia, estratégia, filosofia e até relatos sobre o Oriente — entre eles Noções de Artilharia (1895), Jogos de Guerra (1905) e No Extremo Oriente (1908). Era poliglota, defensor do Esperanto e membro de várias sociedades de geografia e história no Brasil e no exterior.

Moreira Guimarães também teve vida política ativa, exercendo mandato como deputado federal por Sergipe entre 1912 e 1914. Faleceu no Rio de Janeiro em 10 de fevereiro de 1940.

Seu nome, associado ao pensamento militar, à educação e à cultura, foi adotado por diversas instituições — incluindo lojas maçônicas — e também batizou esta escola santa-ritense, evidenciando o prestígio nacional de sua trajetória.

A escola na vida da cidade

Instalada no prédio da Maçonaria, a Escola General Moreira Guimarães simbolizava um momento da educação pública no interior mineiro em que disciplina, nacionalismo e formação básica eram pilares essenciais. A foto de 1937, com sua diversidade de alunos e seu clima solene, revela um momento em que a escola era um dos principais espaços de convivência social e ascensão educacional para as famílias locais.

Hoje, o registro permanece como documento histórico raro: reúne rostos que ajudaram a construir Santa Rita do Sapucaí, uma geração de educadores dedicados e a homenagem a um militar brasileiro cuja obra ultrapassou fronteiras regionais.

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