A correnteza do Sapucaí (Por Cyro de Luna Dias)

Os habitantes do Porto Sapucaí eram servidos por canoas que desciam a leve corrente, meio de transporte melhor do que os cavalos ou carros de boi, embora a volta fosse demorada, pelas margens bordejando a correnteza. A corrente dos rios, em Minas, vai sempre pela margem esquerda, que é em barrancos, ao passo que, à direita, forma praias ou suaves elevações.

De Itajubá, passando por Santa Rita, Pouso Alegre, Careaçu e São Gonçalo, por quase trinta léguas, o rio não apresenta cachoeiras mas há lugares onde é necessária perícia, como a “pedra escorregosa”, em Santa Rita, e outras corredeiras que são travessas de granito, como línguas invadindo o rio. Nos princípios do século XX, fez-se a navegação a vapor de Santa Rita a Careaçu. O vapor Wenceslau Braz descia desta vila santa-ritense somente nas cheias. Nas épocas de nível mais baixo do rio, partiam do Porto Sapucaí, duas léguas abaixo da vila. A viagem era longa e lenta; um homem à proa media o rio e ia gritando a profundidade em braças, enquanto o do leme manobrava o barco que escorregava macio, quase tocando o barranco, como no Mississipi dos livros de Mark Twain.

O Vapor

Pelos anos vinte, o Wenceslau Braz naufragou ancorado no porto e terminou a linha de vapores que, em verdade, agonizava, ultrapassada pela estrada de ferro.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA