A construção de nossas primeiras pontes (Por Cyro de Luna Dias)

Santa Rita do Sapucaí, ainda sem pontes. (Imagem criada com auxílio de inteligência artificial).

No princípio dos tempos santa-ritenses, as águas do Sapucaí dividiam os moradores das duas margens, que se serviam de canoas para a travessia. A primeira ponte foi construída em madeira e localizava-se onde hoje existe uma ponte de concreto, ao lado do Clube. Seu construtor foi o Capitão João Antônio Dias, meu bisavô, que ligou o povoado às terras de Maria Cândida, esposa de Joaquim Cândido Rodrigues, proprietário das terras na margem esquerda do Sapucaí. Dali partia para a corte, no Rio de Janeiro, ou Parati e São Paulo com suas tropas. Por essa ponte, passaram as pedras utilizadas na construção da capela de Santa Rita e na base das casas do seu filho, Antônio Paulino, e do Capitão Joaquim Ribeiro de Carvalho Júnior. As famosas casas da praça. Era uma ponte aberta a quem quisesse usar e durou até o ano de 1875, quando foi arrastada por uma grande enchente.

Anos depois, Joaquim dos Santos construiu rio abaixo, mais ou menos onde é a praça Delfim Moreira, uma ponte de madeira coberta de zinco. No centro dessa ponte colocou uma porteira, onde cobrava pedágio de cem réis para cavalos e carroças. Ideal Vieira dizia que a porteira marcava divisa de Santa Rita com Paraisópolis e que os valentões da época, quando cometiam crimes do lado de cá, corriam para o outro lado, ficando a salvo das autoridades. Em 1906, outra grande enchente, a maior já vista até então, arrasou a rua da palha (atual beira-rio), à margem do rio, paralela à rua da ponte, tornando inviável a travessia.

Pedágio para atravessar a ponte.

Por volta de 1911, num café do Rio de Janeiro, Leopoldo de Luna ouviu de um senador chamado Cupertino que havia uma ponte de ferro abandonada às margens do rio Casca. Ela foi ajustada para o Sapucaí e serviu à cidade por muitos anos, até que uma carreta cujo peso ultrapassava o máximo permitido, danificou as ferragens.

Em 1956, a ponte desaba pela primeira vez, por conta de uma máquina que tentou atravessá-la.

Consertada, mas frágil, poucos anos depois a população se acumulou sobre ela para assistir ao batismo de protestantes no rio. A velha ponte não resistiu e desabou, matando várias pessoas. Graças aos esforços do deputado Ronaldo Carvalho junto ao doutor Tancredo Neves, a cidade ganhou a bela ponte de concreto, no local da antiga, que recebeu o nome de José Neves, bom e humilde homem que vendia pedras para os alicerces.

Batismo da Assembleia de Deus, às margens do Rio Sapucaí

O Cel. Francisco Moreira construiu outra ponte de concreto ao lado do Clube, doando ao estado até o último tostão do custo da obra. Ela não leva o seu nome.

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