(Por Jurandy Cabral)
Houve uma época em que a sociedade se dividiu em dois clubes, criando dois blocos carnavalescos: o Ride Palhaço e o Democráticos. Meu pai – Erasmo Cabral – foi um grande animador e incentivador.
Na estreia do Bloco dos Democráticos, ele conseguiu, com o chefe da Estação Ferroviária, um farol de locomotiva para iluminar a rua onde o bloco iria passar naquela noite.
Vieram corneteiros do Regimento Militar de Pouso Alegre, que abriram o cortejo a cavalo, de dorso nu e luzidio. Aquele foi um espetáculo inédito! Seguia-se o bloco fantasiado de Granadeiros! Meus irmãos, Elcio, Heitor Sebastião, Haydée e Cora também tomaram parte no desfile. A cidade viveu três dias de fantasia, sonhos e glória. Eu, nessa época, me diverti bastante nos bailes carnavalescos.
Havia, no bloco, o cordão dos casados. O meu pai puxava os filhos todos, menos a minha mãe, que não entrava na brincadeira. O bloco rival, Ride Palhaço, também se sobressaiu com as suas lindas e ricas fantasias.
Posteriormente, houve até um convite para que os blocos se apresentassem na Tv Tupi. Apenas o bloco Ride compareceu e foi, também, posteriormente, a Belo Horizonte para a participação na inauguração da televisão Itacolomi.
Lembro-me de que os blocos chegaram a comemorar bodas de prata. Após a rivalidade ferrenha do período de carnaval, todos voltavam a ser amigos e companheiros novamente no dia-a-dia.
(Este texto foi extraído da obra “Um pedaço de Vida”, de Jurandy Cabral)