A FDSM ( Faculdade de Direito do Sul de Minas), em Pouso Alegre, recebeu no dia 12 de março, a tribo Xucuru-Kariri, de Caldas/MG, para a participação na palestra sobre o tema “Benefícios Sociais e Previdenciários para os Indígenas”. Cerca de 400 pessoas compareceram ao evento, entre acadêmicos da graduação, pós-graduação, mestrado e comunidade externa. A atividade foi coordenada pelo professor Amauri Ludovico dos Santos, com a participação dos professores Leonardo de Oliveira Rezende, coordenador da Graduação, e Francisco José de Oliveira, coordenador do Núcleo de Prática Jurídica.
Durante o evento, os índios fizeram apresentações de danças, e o líder da tribo, cacique Thyéru (Jal Sátiro), fez seu discurso contando um pouco da história de vida e de lutas do seu povo em meio à civilização. “Hoje compartilhei com os alunos e a comunidade um pouco da nossa história e cultura. E também aproveitei para buscar orientações sobre os nossos benefícios. Sempre procurei mostrar para as pessoas que somos seres humanos. E por conta disso, precisamos de gente que defenda os nossos direitos à educação, saúde, moradia. Assim, vamos fazendo novas amizades”, disse.
Complementando a história de luta dos índios contada por Jal, o índio Tywnim-Ãolê (Flávio Sátiro), irmão do cacique, contou emocionado sobre o excelente atendimento que recebeu no Hospital das Clínicas Samuel Libânio, de Pouso Alegre. O hospital é mantido pela FUVS (Fundação do Ensino Superior do Vale do Sapucaí) que é presidida por Rafael Simões, também diretor da FDSM.“Fui encaminhado para Poços de Caldas para receber um tratamento especial, devido à doença nos rins. Infelizmente, o meu estado piorou após uma série de hemodiálises. O corpo não reagia aos medicamentos e, assim, ficou decidido que precisaria ser transferido para o hospital de Pouso Alegre para fazer uma cirurgia de transplante dos rins. No Hospital Samuel Libânio fui recebido com muita atenção pela equipe médica e, graças a eles e ao meu médico, Dr. Pablo, hoje estou curado e com a saúde bem melhor. Estou muito feliz em estar hoje aqui, com o meu povo”, contou.
Para o professor Amauri Ludovico dos Santos, a presença dos índios na FDSM foi a realização de um sonho. “Graças à direção da Faculdade e ao diálogo com o Museu de Pouso Alegre fizemos este trabalho, que é a realização de um sonho. Quero dizer que na FDSM as coisas acontecem porque temos uma excelente administração. Agradeço aos professores Leonardo de Oliveira Rezende, coordenador da graduação, Luiz Otávio de Oliveira Rezende, coordenador financeiro, e ao diretor Rafael Simões, por sempre atenderem às nossas solicitações”, destacou.
Os Xucuru-Kariri são homens e filhos da terra que merecem o respeito do povo brasileiro, enfatizou o professor José Francisco de Oliveira. “Quando efetivamente acreditarmos e quisermos a igualdade, nós não precisaremos de nenhuma legislação especial para nenhum grupo de cidadãos, seja o idoso, a criança ou o indígena. Falar de Direito Social dos índios é como falar dos Direitos de qualquer cidadão. Um dos exemplos é a garantia de que possam viver como nós, preservando e garantindo sua cultura. Todos, dentro dos limites da lei, podemos viver da maneira como quisermos, e a manifestação da cultura é a forma mais importante de se preservar os valores de um povo, visto o que presenciamos aqui hoje por meio da dança realizada por eles. Preservar a diferença é uma das melhores maneiras de garantir a igualdade”, ressaltou. O ex-aluno da FDSM, Delegado Geral de Polícia Civil, em Pouso Alegre, José Walter da Mota Matos, elogiou o evento. “Os indígenas têm muitas coisas para nos ensinar, sobre sua cultura, história e tradição. E a Faculdade de Direito teve uma excelente ideia de trazer a tribo para fazer essa integração e discutir seus direitos, que existem na lei, mas infelizmente não são efetivados. A FDSM e o professor Amauri estão de parabéns”, concluiu.