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Valor: Tecnologia é apenas um meio para melhorar a vida das pessoas, diz prefeito

Por Carmen Nery— Para o Valor, de São Paulo

Wander Wilson Chaves, prefeito de Santa Rita do Sapucaí (MG), considera a cidade uma prova de que a solução para o país passa pela educação. Com 44,2 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,7, o município é conhecido como o Vale da Eletrônica, desenvolvido a partir de projetos pedagógicos de instituições como o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel).

Hoje, são 200 empresas gerando 14 mil empregos. Com a tradição de inovação, a cidade também desenvolveu, de forma colaborativa, o movimento “Cidade Criativa, Cidade Feliz”. São quatro pilares: tecnologia como forma de inclusão, empreendedorismo como forma de despertar o sonho e a capacidade de realização, arte e cultura como forma de humanização, e ética para ajudar o cidadão a decidir melhor.

A cidade também tem soluções na área de controle e monitoramento energético de prédios públicos, iluminação pública inteligente, rastreamento e controle de frota com IoT, segurança pública com câmeras baseadas em inteligência artificial e 5G. “Não perdemos o foco de que a tecnologia é apenas um meio para melhorar a qualidade de vida das pessoas e atingir a meta da felicidade”, diz Chaves.

Em linha com o conceito de cidade inteligente, a MRV tem desenvolvido empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida focados muito mais em inovações urbanísticas do que propriamente tecnológicas. O foco é o público HIS (habitação de interesse social), e o objetivo é entregar qualidade, mas num preço acessível.

“São calçadas largas e arborizadas, extensas áreas verdes e de convivência, centros comerciais e ambientes conectados e sustentáveis com wi-fi, iluminação inteligente, hidrômetros individuais, gestão por aplicativos, painéis solares e uso de energia renovável”, diz Camila Fiuza, diretora de desenvolvimento imobiliário da MRV. O conceito foi empregado em Pirituba, zona norte de São Paulo e replicado no Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP), Salvador (BA) e Betim (MG) e, em breve, em São José dos Campos (SP).

Hermano Pinto, diretor do portfólio de tecnologia e infraestrutura da Futurecom, diz que o tema cidade inteligente caminha com o de sustentabilidade. Para ele, os maiores desafios ocorrem nas megalópoles como São Paulo. “A tecnologia de cidades inteligentes ajuda no planejamento urbano e a tornar a cidade mais efetiva não só para a população, mas também para identificar vocações como um polo de desenvolvimento econômico ou de ensino”, diz.

A maior capital do país tem uma estratégia global criando um decreto de compras públicas mais flexível para soluções inovadoras e estabeleceu uma política de dados abertos, mas com proteção às informações do cidadão. “A prefeitura já está adaptada às regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e, dentro da Controladoria Geral do Município, criou uma Autoridade de Dados. Há inovações. Se o dado é do cidadão, submetemos à Autoridade de Dados”, diz Marcela Arruda, secretária municipal de gestão de São Paulo.

O Smart Sampa, composto de 20 mil câmeras de segurança, é um dos projetos com IA e reconhecimento facial a serviço da Guarda Civil Metropolitana na busca de pessoas e na identificação de criminosos e de situações suspeitas ou irregulares. Na mobilidade urbana, há semáforos inteligentes e o projeto Urano, que ajuda a identificar mudanças climáticas e quais bueiros precisam de limpeza.

Luciano Stutz, diretor-geral da Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações (Abrintel), diz que a cidade de São Paulo tinha uma das piores legislações para instalação de torres e antenas, mas avançou. “Há três anos, o país tinha mais de 500 leis municipais que impediam a instalação de torres. Lançamos o programa “Antene-se” e, hoje, 822 cidades, representado 54% da população, adotaram novas legislações. São 26 mil estações 5G instaladas no país, mais de 1.500 em São Paulo foram instaladas após a nova lei”, diz Stutz.

Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital, diz que no início do trabalho de convencimento da entidade, apenas 2% dos municípios tinham lei moderna; hoje são 10%, que abarcam 70% da população. “A maior parte das capitais e cidades acima de 500 habitantes estão com legislação adequada. Agora os pequenos municípios vêm se destacando no ranking Cidades Amigas do 5G”, comemora Ferrari.

TIM acredita que muitos projetos de smart cities virão via iluminação pública inteligente e tem identificado oportunidades de parcerias nas PPPs de iluminação. A Engie foi a primeira parceria com projetos em Petrolina (PE) e Curitiba (PR). Em Porto Alegre (RS), a operadora se associou à IPSul. “Passamos de 200 mil pontos, com a expectativa de chegar a 300 mil pontos até o fim do ano”, diz Paulo Humberto Gouvea, diretor de soluções corporativas da TIM.

A Alloha Fibra tem ampliado a infraestrutura de fibra óptica para suportar cidades inteligentes com apoio do BNDES. “Obtivemos R$ 148 milhões com recursos do Fust, para ampliar a oferta em 18 municípios do Maranhão e nove no Pará. No segundo projeto, serão R$ 192 milhões em 81 cidades de diversos Estados”, diz Fabio Abreu, vice-presidente da unidade B2B e Redes da Alloha Fibra.

Fonte: Valor

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