(Por Salatiel Correia)
A pergunta acima é de difícil resposta, pois as escolhas tendem a ser eminentemente subjetivas. Ciente disso, farei minha escolha baseada em três critérios: instrumental teórico de análise, livros publicados e inserção no mercado internacional.
Mediante esses critérios, destaca-se o ex-ministro do governo Jango e professor titular da Universidade de Sorbonne, em Paris, Celso Furtado. Poucos sabem que Furtado foi o primeiro doutor em economia do Brasil. Sua vasta produção bibliográfica demonstra, não apenas seu fôlego intelectual, mas também a originalidade de suas publicações, como “Formação Econômica do Brasil” e “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento”. Na primeira, Furtado inovou ao introduzir análises do estruturalismo francês como instrumental teórico para explicar a formação do Brasil como nação. Na segunda, ele volta a inovar ao perceber que o desenvolvimento e o subdesenvolvimento são duas faces da mesma moeda. Um exemplo claro dessa inovação furtadiana é o estado do Tocantins, que se desenvolve por meio do agronegócio, contudo mantém-se subdesenvolvido pela escassez de recursos para educação e oportunidades de empregos qualificados.
O segundo economista em minha lista é o ex-ministro Mário Henrique Simonsen, de saudosa memória, que era um gênio da matemática. Exímio professor, Simonsen escreveu livros clássicos, como o volumoso “Macroeconomia”. Embora menos conhecido que Celso Furtado no exterior, Simonsen foi, sem dúvida, o economista mais capacitado para lidar com modelos matemáticos complexos, desenvolvendo teorias voltadas para explicar os meandros da economia brasileira e internacional.
André Lara Resende e Pérsio Arida, igualmente, merecem destaque. Formados no MIT (Massachusetts Institute of Technology), eles foram peças-chave na criação do Plano Real, que estabilizou a economia brasileira nos anos 1990. Além disso, suas publicações científicas, amplamente reconhecidas, posiciona-os entre os economistas de maior prestígio no cenário internacional.
Outro nome relevante é o de Luís Gonzaga Belluzzo, doutor pela Unicamp e considerado um dos maiores intérpretes de John Maynard Keynes no Brasil. Belluzzo, além de ter escrito obras importantes sobre economia, também se destacou como intelectual público, sendo um defensor das ideias keynesianas a respeito do papel do Estado na economia.
Adiciono à lista Gustavo Franco e Armínio Fraga. Franco, com formação em Harvard, foi presidente do Banco Central e desempenhou papel fundamental na implementação do Plano Real. É autor de vários livros e artigos que consolidaram sua reputação como um dos economistas mais importantes do Brasil. Armínio Fraga, doutor pela Universidade de Princeton, também presidiu o Banco Central e é conhecido por sua expertise em mercados financeiros, tendo escrito sobre macroeconomia e finanças internacionais. Ambos possuem forte inserção no mercado internacional, além de contribuírem para a estabilização econômica no Brasil e no exterior.
Além desses, destaco Eduardo Giannetti, economista e filósofo, que também tem uma vasta produção bibliográfica. Seu livro “Vícios Privados, Benefícios Públicos?” revela uma análise crítica sobre o impacto das escolhas individuais no bem-estar coletivo, evidenciando sua habilidade em cruzar fronteiras entre a economia e a filosofia.
Por fim, menciono Paul Singer, economista austríaco-brasileiro que foi uma figura central no pensamento quanto à economia solidária no Brasil. Autor de diversos livros, Singer inovou ao propor novas formas de organização econômica que privilegiam a cooperação e a distribuição equitativa de riquezas, constituindo-se em um dos principais teóricos dessa corrente no país.
Salatiel Soares Correia é engenheiro e administrador de empresas, mestre em Energia pela Unicamp. Autor de oito livros relacionados a diversas áreas.