Moradores de Santa Rita do Sapucaí manifestam indignação com incêndios florestais

Rodeada por incêndios florestais, a cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG) tem sofrido com a péssima qualidade do ar e com a fumaça que tornou o horizonte cinzento, com um céu coberto por densa camada de fumaça, sem uma única nuvem no céu. O mais alarmante desta situação é o fato de que não há qualquer previsão de chuva para os próximos dias e a Reserva Florestal Mitzi Brandão corre o risco de ser devorada pelas chamas. Animais silvestres têm sido vistos pelas estradas ou devastados pela ação de bandidos que, há décadas, destroem as matas, em uma mesma época do ano.

Lobo Guará foge pela estrada.

Esta ocorrência, todos sabem, não é nova. Na primeira edição do jornal Empório de Notícias, veiculada em 18 de outubro de 2007, uma reportagem já relatava focos de queimada na Serra do Paredão. Em boa parte dos casos, os incêndios começam pela face oposta da montanha, do lado de São Sebastião da Bela Vista, e se alastram colocando em risco um pouco do que resta da castigada Mata Atlântica.

Leia, a seguir, um trecho de uma matéria publicada pelo jornal Empório de Notícias, há 17 anos. Mudou alguma coisa, ou a notícia continua exatamente a mesma?

Um incêndio de 12 dias destruiu 20 hectares de floresta nativa na Serra do Paredão, entre Santa Rita do Sapucaí e São Sebastião da Bela Vista. A área representa 5% de toda a serra e foi atingida pelo fogo entre os dias 26 de setembro e 7 de outubro. O lado santa-ritense foi o menos afetado, ficando restrito a um hectare entre o topo do monte e o entorno da Reserva Biológica de Santa Rita. O incêndio teve início numa propriedade rural que fica na divisa entre os dois municípios. As chamas surgiram num pasto de braquiária seca e, levadas pelo vento, alastraram-se pela serra. Dias depois, o fogo atravessou uma estrada, chegando ao cume da montanha e ao entorno da Reserva Biológica. Na noite de 5 de outubro, foram vistas chamas de cinco metros de altura em áreas santa-ritenses. O fogo começou a ser controlado no dia 6, após horas de trabalho de bombeiros, policiais militares e voluntários das duas cidades.”

Ao que tudo indica, a situação não melhorou muito nos últimos anos. Talvez tenha até piorado, com incêndios orquestrados pelo país inteiro, através das redes sociais. A fauna, flora e a população continuam à mercê de criminosos que repetem um mesmo procedimento sem punições capazes de garantir que os seus atos não irão se repetir nos anos seguintes. A pergunta é: até quando?

Veja, abaixo, a manifestação de moradores de Santa Rita do Sapucaí, através de comentários publicados nas redes sociais, nos últimos dias:

Adriana Barbosa – “É um absurdo isso que estão fazendo. Falta do que fazer, sabendo que atinge toda a população e o meio ambiente!”

Sidinei Rodrigues – “Pior de tudo é que são covardes que não aparecem nem para assumir o que fizeram.”

Marcia Soares Barbosa – “Meu Deus, é fogo por todo lugar! Será que as pessoas estão ficando loucas!? Porque não pode ser coincidência tantos incidentes com fogo acontecerem em vários lugares.”

Maria Izabel Carletti -“Isso deveria passar a ser considerado crime inafiançável e sem direito a recorrer. O criminoso deveria ser preso e se virar pra pagar os prejuízos! Mas com essa leva de deputados e senadores irresponsáveis que temos atualmente e que só pensam no próprio bolso, mudança de leis pra valer, fica só na ilusão.”

Carmem A. Barbosa – “Meu Deus, é impossível um ser humano não entender que, além de prejudicar o meio ambiente, animais são mortos e que as plantas lutam pra sobreviver, mesmo sem chuva. Que tristeza!”

Sirlei Ribeiro Rocha – “É uma pena que nunca seja punido o responsável. Na hora que começar a doer no bolso, muita coisa melhora.”

Léo Custódio – “Não adianta punir. Os responsáveis, se identificados, receberão uma multa. Recorrerão. O processo administrativo em todas as suas instâncias vai demorar uns 5 anos para tramitar. Ao final, se punidos administrativamente, recorrerão ao sistema judiciário. Mais uns 5 anos. Punidos? Se sim, a punição então entra na fase de execução pela autoridade estadual. Na fase de execução é possível entrar com recursos administrativos e judiciais. Enfim. Com as mudanças climáticas chegando a este patamar crítico, precisamos de uma política municipal de combate e prevenção a incêndios, que envolva a comunidade e que contenha ações concretas para evitar estas ocorrências. Mais do que punir (até que nosso sistema punitivo seja reformado para parar de ser um sistema que privilegia os infratores), precisamos prevenir.”

Janice Marques – “Parece que foi queimada que alguém fez. E nós que sofremos. É crime? Terá punição? Ou, como sempre, as autoridades vão ser complacentes, incentivando outras pessoas a fazerem o mesmo?”

Eliano Ricardo – “São irresponsáveis e criminosos que, se detectados e denunciados, são sempre os mesmos que fazem isso todos os anos. Eles devem ser presos para servir de exemplo pra outros covardes que não têm noção da quantidade de animais silvestres que morrem nessas queimadas.”

Path C. Amaral Morais “Ontem à noite, passei perto da Intelbras e a mata estava cheia de árvores ‘invasoras’, em chamas, perto da pista. Liguei na guarda municipal e disseram que a responsabilidade agora e da EPS (do pedágio). Liguei lá e avisei.”

Marli B Lemes – “Ontem à noite fui levar uma passageira no loteamento São José. A casa dela fica bem ao lado do fogo. É desesperador, em todos os sentidos. Muita fumaça, sujeira, estalos de tudo queimando. É ruim para a saúde dos que lá moram, ao meio ambiente, aos animais. Ver de perto, como vi, causou muitos sentimentos em mim.”

População pede que as autoridades punam os responsáveis.

A população de Santa Rita do Sapucaí pede rigor das autoridades nas investigações e solicita que os culpados sejam responsabilizados com pena exemplar. Que, nas próximas edições do jornal Empório de Notícias, junto com as imagens da floresta em chamas, possamos publicar os nomes dos criminosos e suas respectivas identidades. A população merece saber quem são os bandidos que têm comprometido a saúde de moradores de toda uma região e colocado em risco o que sobrou de nossas reservas florestais.

(Por Carlos Romero Carneiro)

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