(Por Carlos Romero Carneiro)
Um dos pontos mais centrais e, ao mesmo tempo, mais menosprezados da cidade, o beco do Mercado (ou beco do Saci) sempre foi um ambiente que não recebeu o devido valor. Ter sido transformado em uma típica ruazinha colombiana, toda ornamentada com bandeirinhas, ao som do reggaeton, estilo latino que já explodiu no mundo todo, com exceção do Brasil, talvez o tenha tornado o símbolo do Hacktown, em 2024. Os organizadores provaram que, com uma visão ampla de mundo, é possível transformar uma cidade e torná-la mais bela e promissora. Através daquela simples ação, um tímido beco ganhou vida, luzes, cores e sons, demonstrando que o evento tem sido capaz de materializar algo que – à primeira vista – pode parecer impossível. Exemplos como esse nos inspiram a tornar possíveis ações (e revoluções), nos mais improváveis segmentos e espaços de nossa cidade.
E por falar em “revoluções”, neste ano, alguns do temas mais abordados pelos palestrantes foram a chegada das inteligências artificiais, a interação do cérebro com interfaces cada vez mais evoluídas e os danos causados pelos algoritmos em inteligências dominadas pelas redes sociais. Em várias apresentações, foi dado um alerta: os supercomputadores e suas inteligências generativas irão transformar o mundo, colocar profissões em cheque e se comportar da forma como estão sendo ensinados pelos humanos, agora. Daí entra a necessidade da evolução moral, da ética e da responsabilidade na arquitetura dessas máquinas, pelos próprios usuários que já começaram a usufruir de suas capacidades.
Enquanto estes assuntos fritaram os cérebros dos participantes, feirinhas gastronômicas, shows, ativações e bares lotados provaram, mais uma vez, que a nossa vocação para receber as pessoas talvez seja maior do que a nossa capacidade tecnológica. Hoje, vemos uma Santa Rita do Sapucaí renovada, conectada às tendências, catalizadora de talentos em todos os segmentos e super capaz de sediar o acontecimento mais legal do país. Um evento sem efeitos colaterais, onde os expositores são também turistas, capazes de lotar ambientes, do pé da Rua Nova (e, por que não, no alto do morro?!), à rua do Bepe, com o charmoso “The Town”.
Que o Hacktown inspire, se espalhe por todos os cantos e, também, por todos os dias do ano, fazendo de Santa Rita do Sapucaí uma cidade ainda mais acolhedora, livre de preconceitos, empática e humanizada. E também desejo que, enquanto (ainda) aconteça uma denúncia de “assédio” ou de “preconceito racial”, sejam promovidas mais dez atividades sobre diversidade, tolerância, igualdade, consciência e paz. Que as nossas ruas e praças sejam tomadas pela humanidade, colocando as divergências em último plano e provando que a nossa vocação maior é praticar e promover a “arte do impossível”.
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