Francisco Moreira da Costa e o Banco Nacional

(Por Luiz Fernando da Silva)

Houve um tempo em que o Sul de Minas rivalizava com os grandes centros urbanos, notadamente as capitais dos Estados do centro-sul, no âmbito financeiro. Como exemplo e só para ficar aqui no extremo Sul de Minas, a característica marcante dessa pujança foi a fundação do Banco de Itajubá, em 1912 e do Banco Santarritense, em 1914, na cidade de Santa Rita do Sapucaí. Os ilustres fundadores foram, respectivamente, o ex-presidente Wenceslau Braz Pereira Gomes, natural de Brazópolis/MG e Francisco Moreira da Costa, irmão do ex-presidente Delfim Moreira da Costa. Pessoas visionárias para a época. Ambos os Bancos foram encampados pelo Banco da Lavoura: o Banco Santarritense, em 1927 e o Banco de Itajubá, em 1957. O Banco da Lavoura foi encampado pelo Banco Real nos anos 70 do século passado. Já a história do Banco Santarritense parece-me mais rica. Nas palavras de seu neto, Sr. Francisco Moreira da Costa Neto: “Meu avô fundou o Banco Santarritense, no ano de 1914, em sociedade com o Cel. Joaquim Inácio. Era um banco pequeno e tinha filiais em Pouso Alegre, Itajubá, São Lourenço e outras cidades. Ao todo, eram mais ou menos doze agências.

Em 1927, meu avô foi a Belo Horizonte e conheceu o Senhor Clemente Faria, dono de um outro banco, mais ou menos com as mesmas características do dele e eles resolveram se associar. Desde então, com esta fusão, suas agências passaram a se chamar Banco da Lavoura de Minas Gerais. Apesar dessa sociedade, talvez por um pouco de bairrismo de sua parte, meu avô convencionou que as agências em torno de Santa Rita continuassem se chamando Banco Santarritense, por um período de 10 anos – até 1937. No Banco da Lavoura, meu avô ficou muito amigo do Magalhães Pinto (Que mais tarde se tornou governador do Estado). Ele não era rico nem nada, mas era um funcionário muito qualificado. Aos 21 anos, já havia se tornado gerente, o que era muito raro para a época. Desde então, passou a ser um homem de sua confiança em Belo Horizonte. Em 1943, estávamos entrando na ditadura e houve o Manifesto dos Mineiros. Nisso, meu avô, apesar de grande acionista, foi obrigado a deixar a presidência do banco, já que o seu partido era contra o governo. No ano seguinte, ele e Magalhães Pinto resolveram criar um novo banco: o Banco Nacional de Minas Gerais. Enquanto ele controlava a região, Magalhães Pinto comandava em torno de Belo Horizonte. A agência número 1 foi aqui em Santa Rita e Francisco Moreira foi o presidente até morrer, em 1957”.

No final dos anos 70, o Banco Nacional de Minas Gerais passa a se chamar somente Banco Nacional S/A.
Em 1994, o Banco Nacional S/A era o quinto banco brasileiro no ranking por ativos financeiros, atrás apenas do Banco do Brasil, do Bradesco, do Banco Itaú e do Banco Bamerindus.

Em 1995, o Banco Nacional S/A sofre intervenção do Banco Central e parte dele é encampada pelo Unibanco, fundado em Poços de Caldas, em 1924. Acaba-se, assim, a saga itajubense e santarritense na área financeira.

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