Cassinho, Bulacha e a era dos Rally´s

Nos anos 80, Santa Rita do Sapucaí viveu seu próprio episódio da Corrida Maluca — com Cassinho Generoso, o Bar Kplinha e um rally que virou lenda.

Senhoras e senhores, preparem seus motores, segurem os óculos e escondam os fusquinhas da mamãe! Lá vem ele, o homem que transformou o sossego de Santa Rita do Sapucaí num autódromo de poeira e patuscada: Cassinho Generoso, dono do Capelinha e síndico da juventude, na década de 80!

Ao lado do inseparável Bulacha, o mais animado relações públicas do sul de Minas, Cassinho fez do Kplinha o melhor bar da região e criou um evento que abalaria as estruturas da cidade: o Rally de Regularidade – Trilhas do Sul!

O Começo da Aventura

Era 1985 quando os amigos Paulista e Cabeça chegaram de São Paulo com uma ideia maluca: “E se a gente fizesse um rally?” Cassinho arregalou os olhos, deu um gole na cerveja e respondeu: “Gostar da ideia, eu gostei… só não sei como é que faz!

Mas quem precisa saber de tudo quando se tem entusiasmo e um tio chamado Bulacha? Em poucos dias, os dois já estavam correndo atrás de patrocínio, convencendo os comerciantes e garantindo a todos apavorados que os carros não passariam de 40 km/h.

Enquanto isso, a garotada se virava para convencer os pais a emprestar os veículos. Alguns conseguiram, outros… como Dib e Sérgio, foram barrados na porta da garagem — com o carro já adesivado!

Luzes! Motores! Chega o grande dia! Treze duplas alinham no ponto de partida, em frente ao Bar do Bola. Cassinho, com sua genialidade organizacional, manda derrubar as paredes do fundo do bar para o público ver a largada.

A plateia vibra! Os carros brilham! Tem fusca vermelho, gaiolinha cromada, picape sem lataria e até competidor com óculos de mergulho e lanterna colada na testa!

O narrador grita:
Atenção, pilotos! Preparem-se… já!

E lá vão eles, levantando uma nuvem de poeira que cobre metade da cidade.

Os Desastres, os Heróis e o ET de Bom Retiro

Logo nos primeiros quilômetros, a piloto Ana Banana quase faz o carro virar cambalhota no Bom Retiro. O fotógrafo oficial, Cleber Miranda, tenta registrar tudo sem perder o foco — missão quase impossível!

Mais adiante, Tito Moreirinha, com sua caminhonete sem lataria, abandona a prova e tira um cochilo em plena serra da Bela Vista.

Enquanto isso, Cassinho e Bulacha dão risadas debaixo de uma lona improvisada: “Isso aqui tá melhor que novela das oito!”

A Festa da Vitória!

No dia seguinte, o Kplinha se transforma em palco de glória e confusão! São mais de 100 caixas de cerveja para os pilotos sedentos e uma multidão que ocupa a rua inteira.

E quem leva o troféu? Lucimara! A moça do fusquinha vermelho, que deixa todos os marmanjos pra trás e prova que mulher dirige — e vence! — muito bem. Fred Cunha e Rodriguinho ficam em segundo, mas o público não quer saber: todo mundo grita por mais Rally!

A Segunda Edição: Dobro de Poeira e de Risadas!

No ano seguinte, Cassinho e sua equipe — Tuna, Papão, Cacaio, Rita Grillo e João Coeio — caçam estradas pelo interior. Cassinho pergunta aos fazendeiros: “Não tem uma piorzinha que essa não?

O percurso totaliza 190 km de lama, buraco e adrenalina.

Entre os destaques, a cena antológica de Nando e Roberto Ideia: na hora de comprovar passagem, Fernando estaciona sobre um mata-burro, cai no buraco e sai de lá sem metade das calças! Cassinho chora de rir.

O vencedor é Luiz, de Itajubá, graças ao navegador “calculadora humana” — até que os fiscais descobrem a trapaça e dobram o número de postos. Fim da hegemonia!

Da Serra à Fama Regional!

Com tanto sucesso, Cassinho é convidado a organizar o evento em Paraisópolis. E lá vem mais confusão: Fred Cunha e Rodriguinho lideram, mas Marcelo Batata e Calinho, completamente perdidos, seguem a dupla achando e cruzam a linha de chegada com melhor regularidade. Primeiro lugar!

Rally Richard Capistrano: Homenagem e Emoção!

Em 1991, o Rally ganha nome novo em homenagem ao jovem Richard Capistrano, aventureiro e amigo da turma. A largada é em frente ao campo, com bandas como Luxúria e Quem Não Cola Não Sai da Escola tocando para a multidão. Cláudio Padilha é o grande campeão, e a festa termina ao som de motores, guitarras e confraternização.

A Última Corrida e o Sonho da Volta!

A última edição aconteceu em 2005, com os irmãos Públio e Poliana levando o troféu. Desde então, silêncio nas trilhas… mas o sonho não acabou. Cassinho, o eterno mestre de cerimônias da farra, faleceu dez anos depois com o sonho de voltar às pistas: “Já não tenho mais o Bulacha nem o Marcos Aguiar, mas a vontade ainda tá aqui. Quem sabe?

E nós, aqui na cabine de transmissão, continuamos na torcida:
Senhoras e senhores, liguem seus motores, porque o Trilhas do Sul pode voltar a qualquer momento!

Fim de prova, poeira no ar e aplausos para o saudoso Cássio Generoso — o homem que transformou Santa Rita num circuito de alegria!

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