Uma revista de fofoca do século passado, fala sobre Delfim Moreira

Um texto encontrado no Museu Histórico Delfim Moreira e sem data de publicação, narra uma passagem interessante da posse do político que partiu de Santa Rita do Sapucaí para ocupar todos os cargos da vida pública brasileira. Escrito por Otto Prazeres para uma publicação chamada SINGRA, o texto foi intitulado “Onde se menos espera”. A impressão que passa é que foi extraído da revista “Caras” ou “Contigo”, mas narra uma passagem ocorrida há mais de 100 anos. Confira!

Numa manhã da primeira quinzena de novembro de 1918, no Hotel Internacional de Santa Tereza, onde habitava Sabino Barroso, viam-se reunidos uma dezena e meia de políticos, deputados e senadores.
Os que ali estavam, por uma coincidência, pertenciam ao grupo dos que se destacavam em elegância, tanto na Câmara, quanto no Senado Federal. As cartolas, muito luzidias, eram de último modelo. Os fraques, admiravelmente talhados, deixavam ver esplêndidos coletes, na sua maioria em linho ou fustão lavrado. As gravatas, por sua vez, eram custosas e mostravam-se em laços irrepreensíveis.

Se não fosse falta de respeito e houvesse homens modelos-figurinos, diria que no Hotel Internacional iriam passar as “últimas modas masculinas”.
Em dado momento, Sabino Barroso, levantando-se, disse:

– Está na hora, vamos!

Houve um movimento geral, em busca das cartolas, e a entrada do Hotel tomou o aspecto de um trecho londrino onde, na época, tanto brilhava a elegância masculina. Foi justamente ao verificar tão elegante grupo que um dos deputados, Celso Bayma, observou os que estavam mais perto e disse:

– Um grupo assim, com essa elegância, vai criar um contraste terrível com o homem…

Esse homem era Delfim Moreira, que chegava de Minas Gerais para tomar posse do Cargo de Presidente da República, pois era o vice e Rodrigues Alves estava doente e não conseguiu assumir a presidência.
Calculava-se, pois, que Delfim Moreira desembarcasse com um fraque semelhante ao que era visto nos retratos: incerto, e tendo o colete uma grossa corrente de relógio, ornada com uma bruta medalha.

Qual não foi, porém, a surpresa quando Delfim, descendo com agilidade do trem, apresentou-se com um fraque elegantíssimo, calça de fantasia com um vínculo impecável e colete de fino gosto. Tudo isso era valorizado pela sua figura alta, esbelta e de movimentos harmônicos e naturais. Ficou sendo o mais elegante de todos.

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