Os alfaiates eram uma classe profissional de prestígio na sociedade brasileira desde o Brasil Colonial. Em 12 de agosto de 1798, eles lideraram uma revolta na Bahia que ficou na História como a Revolta dos Alfaiates. Seus líderes eram de ideias iluministas e muitos pertenciam à Loja Maçônica. Houve uma adesão popular por seus ideais estarem em concordância com os anseios populares. Desejavam estabelecer a República, a diminuição de impostos, a abertura dos portos, fim da discriminação entre brasileiros e portugueses e a abolição da escravatura. Os tecidos usados pelos alfaiates eram importados com taxa de impostos elevados. Daí o princípio de revolta. Não obtiveram êxito. Sendo delatados, foram presos e executados.
Até a metade do século passado o glamour masculino estava em evidência por seu trajar charmoso nos momentos solenes e datas comemorativas, principalmente as de cunho religioso. Era de costume, aos domingos, homens se vestirem a rigor. Esse comportamento clássico dependia de uma vestimenta esteticamente aceitável. Era o terno, composto pelo paletó, calça e colete que se completavam com a gravata. Na calça, o vinco era bem definido, com um bolso de cada lado e um bolsinho para o relógio ou moedas. O paletó era almofadado nos ombros e possuía três bolsos, dois maiores e um menor do lado do coração onde se colocava um lencinho. Pouco mais acima, um orifício na lapela superior onde se colocava um cravo perfumado. A calça era segura por uma cinta ou suspensório. O terno ainda hoje é usado por uma classe distinta.
Os tecidos preferidos eram a cambraia, o gabardine, a casimira, o linho, em geral nas cores azul marinho, preto ou cinza. A seda era usada nas costas do colete confeccionado com o mesmo tecido do terno. Completava o charme o chapéu de feltro, a camisa branca engomada e com abotoaduras nos punhos, sapato preto ou marrom, meia e bengala.
Em Santa Rita o glamour não era diferente. O bom gosto do homem santa-ritense podia ser avaliado pela quantidade de excelentes profissionais, os alfaiates. Havia um bom número deles para uma cidade de uns cinco mil habitantes. Naquela época podia se ver, ao passar pela Rua da Ponte, o sr. Gino Constant, que tinha a sua alfaiataria junto do Cine Vitória. Ao descer a rua que vai para o Ginásio (INATEL), a alfaiataria do Botelho. Em frente ao Centro Operário, a alfaiataria do Alfredo. Na Rua Coronel Antônio Moreira, a alfaiataria onde trabalhava o Carlos Alfano. Na praça central, a alfaiataria do renomado sr. João Rocha. Havia outros mestres nessa arte e me lembro deles fisicamente, mas não recordo os seus nomes. Mais tarde, um dos aprendizes do sr. João Rocha, Hermes Molinha, se estabeleceu com uma alfaiataria na rua da Ponte. Foi uma época em que ser alfaiate era sinônimo de status. A industrialização colocou um fim nessa profissão tão nobre com a produção em série e a preços reduzidos, mas sem qualidade.
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