Havia duas fotografias em nossos arquivos que não tínhamos ideia da procedência. Isso até encontrarmos um texto que narra uma manobra militar ocorrida em nossa cidade. Será que estas imagens descrevem o episódio contado abaixo? Acreditamos que sim.

De Três Corações a Santa Rita do Sapucaí, o Regimento percorreu, ida e volta, 240 quilômetros. Fomos a cavalo, debaixo de uma chuvarada de dezembro. O ano era 1943. De Careaçu à localidade do Vintém, chovia sem parar. Penamos doze horas atolados no barro para atravessar um braço da Serra da Mantiqueira. Puxávamos os cavalos a pé, por ordem do 1º Tenente que estava sofrendo crise de hemorroidas e não queria montar.

Capitão Augusto, comandante do esquadrão, era legal com a turma de aspirantes. Ao referir-se ao major, no comando do regimento, dizia pejorativamente:

— Este bundinha aí, quando entrou na Academia, eu já cursava o último ano. Hoje ele é o major e eu continuo capitão… não passa de um puxa-saco que inventou essa guerrinha pelos cotovelos!

Na terceira etapa, depois que o Regimento deslocou-se de Três Corações, o Capitão passou o comando do esquadrão ao primeiro tenente e foi se entregar prisioneiro ao inimigo do 8º RAM de Pouso Alegre, para se livrar daquelas manobras.

Soldados realizam manobras militares no rio Sapucaí

Quando o Regimento chegou a Santa Rita, ponto final das manobras, capitão Augusto reapareceu e reassumiu o comando do esquadrão. Daí passou a dar ordem:

— Hoje, subtenente, nós queremos peru com farofa! – mas o tenente objetou:

— Meu capitão!!! Onde é que eu vou arranjar peru?…

— Não sei, se vire! Lá no 8º RAM tinha boião todos os dias para os oficiais! Peru não faltava! Hoje eu quero peru para todos os oficiais do esquadrão! Isso é uma ordem! Ou será que o subtenente não gosta de cumprir ordens?

Meio assustado, o subtenente respondeu:

— Não me ufano disso, capitão!

E o capitão:

— Esse “ufano” você tirou de onde? Do Hino Nacional?

A verdade é que o subtenente levava a sério, mas o capitão mangava…

(Trecho do Livro “Vida de Estudante”, de Ângelo d’Ávila)

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