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Uma entrevista de peso com o professor Décio Saretti

Como teve início a sua vida profissional?

Comecei, aos 19 anos, a trabalhar como segurança no Santa Rita Country Clube! Atuava em bailes, carnavais, nas festas do João Bosco e do Papão. Também prestava serviços quando o ministro Bilac Pinto vinha a Santa Rita. Ficava à disposição dele para o que precisasse.

Quando teve início o seu trabalho como árbitro?

Eu sempre gostei de esportes, mas nunca fui bom em futebol. Acabei realizando um curso de arbitragem no Rio de Janeiro e comecei a apitar no futebol amador. Lembro que o João Rocha era presidente da Liga Santa-ritense de Futebol, afiliada à federação mineira. Eu me filiei, passei a apitar na cidade e passei a atuar em toda a região. Trabalhei na Liga de São Lourenço, entrei para a antiga terceira divisão e rodei o estado todo. Mais tarde, passei a apitar no estado de São Paulo e permaneci dois anos por lá.

Como se tornou professor de educação física?

O doutor Arlete Telles Pereira era diretor da Escola Sinhá Moreira e me incentivou a estudar. Ele disse que, se me formasse, teria uma vaga e prestei vestibular para a Escola de Educação Física de Cruzeiro. Passei em terceiro lugar, dentre 160 inscritos. Eu gostava demais do que fazia e me especializei em futebol, natação e arbitragem. Antes de me formar, realizei um curso de atualização, na Escola de Especialistas da Aeronáutica, em Guaratinguetá. Permaneci quase 5 anos naquela escola trabalhando como monitor. Ao passar no concurso público do Estado, voltei para Santa Rita, onde comecei a trabalhar.

Onde você atuou?

Comecei no Sinhá Moreira, onde fiquei 5 anos, até surgir uma vaga no Sanico Teles. Eu fui muito bem recebido, fiz um excelente trabalho e construí a minha vida. Eu cheguei a trabalhar dois anos na Escola Estadual Luiz Pinto de Almeida, mas dei preferência à escola Sanico Teles!

Como você começou a liderar a fanfarra?

Comecei comandando a fanfarra do Sinhá Moreira, mas permaneci pouco tempo. Éramos eu, o Bagageira, o Luiz Carlos Gaguinho e o senhor Morais! Depois, fui convidado a comandar a fanfarra do CP1 e do CP2, que também fez muito sucesso. Eu com o Tonico a comandávamos e era um show! O Tonico escrevia músicas muito boas, saíamos pelas madrugadas tocando e as pessoas gostavam muito. Eu tocava percussão de ouvido, passava as instruções para o grupo e ficava uma beleza!

E quando começou a comandar a fanfarra do sanico?

O Sanico estava em um ótimo momento e a diretora, Dona Terezinha Cardoso, me convidou a montar uma fanfarra. Eu aceitei o desafio e nós começamos com doze instrumentos, emprestados pela antiga FEBEM. Começamos de forma simples, evoluímos ano a ano, até chegar a 84 instrumentos de percussão! Como eu era presidente da banda de música da cidade, convidei os músicos para tocarem e eles aceitaram. Nós levávamos o nome da escola para todos os cantos. Todo dia 12 de outubro nós tocávamos em Aparecida do Norte, a pedido do Arcebispo e o Monsenhor José sempre nos acompanhava. Hoje, a fanfarra leva o meu nome. Ao me aposentar, ela foi nomeada “Décio Soares Saretti”.

Havia muita rivalidade entre as fanfarras?

Sempre teve! Havia uma grande rivalidade entre Colégio, Sanico Teles e Luiz Pinto. O grupão tinha tradição! As escolas rurais também apresentavam seus espetáculos e cada um queria apresentar o seu melhor!

Você se destacou muito no Sanico Teles como professor, não é?!

Eu tinha chegado à cidade com uma boa bagagem de conhecimentos, mesclei a vida militar com a civil e os resultados foram excelentes! Ainda sou muito querido pelos alunos, ainda tenho muita amizade com eles e com suas famílias e cheguei até a criar um filho, chamado Juarez, filho do José Vilela, hoje formado e muito bem-sucedido!

Você ainda gosta de nadar?

Pratico natação até hoje! Hoje frequento a Insel em tempos de frio e, no verão, gosto de usar a piscina do Santa Rita Country Clube!

E como tem sido a sua participação na Lira Santa Rita?

Eu fui presidente da Lira Santa Rita por 17 anos e hoje sou presidente honorário. Quando assumi a direção, tínhamos acabado de sofrer uma enchente, no início dos anos 90, e que acabou com a banda! Os instrumentos ficavam em um vestiário do campo cedido pela liga, encheu de água e perdemos tudo. Quando assumi, eu não saía da prefeitura! Todo dia falava na cabeça do Jeffinho, para conseguir melhorias para a Lira Santa Rita. Fomos melhorando, expandindo, passamos por vários lugares, até conseguirmos este espaço atrás da rodoviária! A prefeitura cedeu a mão de obra, compramos as tintas e assinamos contrato para uso deste espaço por tempo indeterminado. Hoje nós estamos aí, com 30 elementos e nos apresentamos em diversas cidades da região!

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