(Por Carlos Romero Carneiro)
Daniela Azevedo descobriu a arte em 2002, quando morava em São José dos Campos, sua terra natal. Ela cursava a faculdade de Arquitetura e, em uma semana de oficinas promovidas dentro do campus, teve contato direto com técnicas de texturas e pátinas, descobrindo um amor incrível pela arte. Apesar de ter sido uma criança com muita facilidade em desenvolver trabalhos manuais e de ter aprendido a fazer crochê com a sua avó aos 5 anos, nunca tinha tido contato com aquelas tintas e suas inúmeras possibilidades.
Tal experiência fez com ela descobrisse a sua verdadeira vocação. Ela queria ser artista e não arquiteta. Incentivada pela mãe, sua maior parceira, foi estudar, procurou se especializar, fez muitos cursos e se aprimorou na técnica conhecida como “pintura country”.
A artista montou a primeira loja de artesanato em Santa Rita, onde ministrava cursos, vendia peças pintadas à mão e produtos para o setor. Até então, o trabalho era feito em parceria com a sua mãe, que acabou adoecendo e, posteriormente, falecendo. Por três anos, Dani deixou de atuar e, quando retornou, sentiu que a profissão parecia ter perdido o brilho. Aquilo parecia não fazer mais sentido para ela.
A artista buscou novas possibilidades para que o trabalho voltasse a motivá-la e acabou descobrindo as letras. Começou a aprender as técnicas de lettering e se apaixonou novamente. Voltou a estudar, se preparou e percebeu que seria possível mesclar a pintura com as letras e, assim, vem sendo há quase seis anos.
Sua arte autoral caiu no gosto das pessoas e os trabalhos começaram a aparecer, com maior frequência. Com linhas finas e delicadas, as características de sua pintura acabaram se tornando a sua marca registrada, espalhando obras por diversas cidades.
Dos vinte anos em que atuou com artes, Dani deu aulas de pintura decorativa e só parou na pandemia. Naquele momento, reavaliou o seu trabalho e percebeu que o que fazia mais sentido eram as artes em paredes. Ela não abandonou as ilustrações, pinturas, texturas e trabalhos sob encomenda. Outra técnica que desenvolveu foi a pintura com café. Recentemente, produziu vários trabalhos para um famoso restaurante da cidade, dentre eles um quadro da antiga residência de dona Sinhá Moreira que chamou a atenção por usar como base este que é um dos produtos mais importantes da economia local.
Dentre vários trabalhos que somam mais de 250 intervenções, Dani realizou um projeto para um importante canal de finanças, para o Subway de Jaguariúna, em escolas e empresas de grande porte e, recentemente, desenvolveu um trabalho artístico na ETE FMC, durante o Hacktown.
Seu último projeto foi para o jornal Empório de Notícias. Ela recebeu a missão de registrar os afrescos do Mercado Municipal, esboçados por Nenê de Marchi e pintados pelo artista Antônio Botelho Filho. A princípio, ela achou que seria fácil realizar a reprodução, adaptando a sua técnica. Quando começou a estudar a obra e a perceber a riqueza de detalhes, entendeu que seria um trabalho complexo, demandando um tempo maior do que o previsto. O seu grande desafio foi pintar diversos detalhes, em uma escala reduzida. Foram muitos dias de trabalho para que pudesse trazer para as telas a obra mais emblemática de nossa cidade. “As pinturas do mercado formam um trabalho muito rico e que foi feito à mão livre! De todas as pinturas que já fiz, esse foi um dos projetos mais intrigantes. São muitos detalhes! Há um senhor laçando um porquinho, um açougueiro afiando a faca, um menino chupando melancia… achei as pinturas de uma riqueza muito grande, mas tive um enorme prazer em realizar as reproduções!” – conta Dani.
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