Um papo sobre artesanato, bordados e tradições, com Simone Yabu

Conte-nos um pouco sobre sua trajetória

Eu sou de Santa Rita do Sapucaí, filha do famoso Charuto. Quando me casei, mudei para Goiânia, onde vivi por 19 anos. Naquele período, eu sempre trabalhei no Departamento Pessoal, já que sou técnica em Administração. A relação com o artesanato, no entanto, sempre foi muito forte na minha vida. Eu aprendi um pouco com a minha avó e minhas tias e isso sempre esteve presente na minha vida. Em Goiânia, eu já trabalhava com RH, mas sempre participava de feiras de eventos e artesanato. Na minha volta para Santa Rita, em 2011, estava sentindo muita falta de atuar nesta área, comecei a buscar pessoas que, como eu, eram apaixonadas por artesanato e passei a participar de feiras onde estes trabalhos eram expostos. Depois de 9 anos, eu já estava um pouco cansada de trabalhar em empresas e criei um grupo, em 2019, chamado “Arteiras do Vale”.

Como era este grupo?

Ele começou com 18 pessoas, foi evoluindo, até que abrimos a “Casa das Arteiras”, na residência da minha mãe, onde permanecemos por cerca de um ano. Nós optamos por fechar a casa e abrir uma loja, localizada na Alameda das Flores. Seis meses depois, veio a pandemia, tivemos que fechar as portas, caímos para 8 pessoas e decidimos encerrar as atividades, até que pudéssemos retornar com os trabalhos. Nesse meio tempo, fomos estreitando os laços, trabalhando em casa, voltei a atuar em empresa, até poder retornar com o artesanato.

Simone produz peças de artesanato que podem ser presentes originais e muito bonitos.

Na sua volta, decidiu que o artesanato seria definitivo na sua vida?

Sim! Comecei a participar de projetos, desenvolver ideias, foram surgindo oportunidades e firmamos uma parceria com a Secretaria de Cultura para expor os nossos trabalhos em eventos fora daqui.

E como surgiu esta ideia de usar o artesanato para apresentar uma temática local?

Eu já tinha interesse em conhecer as história da cidade, saber como a nossa comunidade surgiu e se desenvolveu. Para aprender mais sobre a trajetória do município, criamos um evento de troca de ideias chamado “Roda & Prosa”, onde pessoas contam histórias de Santa Rita e narram as suas experiências de vida.

Lindo terço produzido no ateliê.

Qual é a sua especialidade, em artesanato?

Eu trabalho com crochê, bordados, costuras básicas e produzimos terços com pétalas de rosas ou borras de café. Nós desenvolvemos peças totalmente artesanais, desde a colheita das pétalas, até a criação do produto final. Nós começamos com terços e partimos para outras peças, utilizando as mesmas técnicas.

Eu soube do seu interesse em produzir artesanato baseado na história da cidade

Este projeto chama-se “Bordando Histórias” e é feito em paralelo com as rodas de conversas. Nossa intenção é conhecer as histórias, definir alguns pontos turísticos e produzir peças que remetam a estes locais. Após a produção de todas estas peças, nós iremos criar uma parceria com o Museu para expor o resultado de nosso trabalho e comercializar os produtos. Teremos, por exemplo, bordados que remetem ao Santo Cruzeiro, ao Museu e outros locais. As histórias virão junto com as artes. Personalidades e memórias também serão retratadas.

Criações podem ser excelentes lembranças de nossa cidade.

Você busca resgatar as origens do artesanato em Santa Rita?

Sim! Nossa intenção é encontrar uma expressão que represente as tradições locais. Nós participamos de um evento na Incubadora Municipal e, naquela ocasião, surgiu a ideia de resgatarmos o artesanato santa-ritense. Tivemos dificuldade para encontrar informações que nos levassem a esta expressão única. Em todas as oportunidades que buscamos estas expressões, sempre caíamos na alimentação e nas festas, o que não era bem o que estávamos procurando. A minha curiosidade começou a aumentar, eu soube que existia uma forte presença da minha família na história da cidade e passei a buscar, cada vez mais, esta expressão. Ainda busco algo que represente, realmente, Santa Rita do Sapucaí e que, em qualquer lugar em que as pessoas forem, aquela característica seja reconhecida como uma coisa nossa. Nós temos uma representatividade muito forte em trabalhos manuais e artesanais e o nosso estudo pode dar oportunidade para mais pessoas.

As pessoas podem visitar o “Yabu Ateliê” para conhecer os seus projetos e comprar lembranças e produtos locais?

Podem sim! A loja está localizada à Avenida João de Camargo, 202, e fica aberta em horário comercial. Nós também atendemos aos sábados e domingos, mediante agendamento. Nosso contato é (35) 99721-9348.

Lindas bolsas estão entre as produções de Simone.

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