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Tiradentes e a política

(Por Ivon Luiz Pinto)

O registro é antigo, vem de uma idade antes de Cristo quando Aristóteles, o filósofo de Estagira, anunciou que o homem é um animal político, pois necessita viver em comunidade, viver junto de outras pessoas. Polis é o nome das cidades estado da Grécia e a ideia de política passou a ser, também, de administração da cidade.

O tempo é uma ferrugem que assenta sobre os fatos e os altera e deforma. O que era antes não é igual ao que é hoje. Assim foi com a ideia de política. Tudo está mudado, tudo transformado. No desejo de conservar ou agradar o poder político, o homem bajula, mente, falsifica. Em teoria, o homem é bom, mas o poder o corrompe e ele mente escondendo fatos, engana com um tapinha nas costas dizendo coisas que agradam mas que sabe que não vai cumprir. Assim é, até hoje, om governos escondendo fatos e mascarando palavras.

Na época do Brasil Colônia, houve um movimento libertador liderado por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ele foi torturado, executado e amaldiçoado pelo reino português. Não se podia fazer referência alguma a ele. Ele foi declarado inimigo e traidor de Portugal. Por essa razão, os historiadores do Império Brasileiro, para agradar e bajular o governo, tentaram desacreditá-lo chegando até a afirmar que esse movimento nunca existiu. É o caso de Joaquim Norberto de Souza, político, secretário do Imperador, que deturpou, mentiu e falsificou documentos para reduzir a ação de Tiradentes, chegando a dizer: “Este homem indigno é das nossas memórias, mas se ficar de todo no esquecimento, nenhum fruto tiraremos de seu exemplar castigo.”

Somente na República é que historiadores sérios libertaram Tiradentes da lama em que o Império o atolou. Waldemar de Almeida Barbosa, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, no livro “A Verdade sobre Tiradentes” traz uma história séria e isenta de tendências.

Os historiadores Waldemar de Almeida e Augusto de Lima Júnior (Pequena História da Inconfidência de Minas Gerais) mostram Tiradentes como líder do movimento e como pessoa de “alta inteligência” e dão a ele o crédito de planejar um aqueduto, atual arcos de Lapa, para abastecer o Rio de Janeiro com as águas dos rios Andaraí e Maracanã; projeto de armazéns no cais de Rio de Janeiro para que as mercadorias não ficassem expostas; abertura de estrada ligando o Rio de Janeiro a Juiz de Fora; criação da Bandeira dos Inconfidentes, atual Bandeira de Minas Gerais, cujo triângulo é em homenagem à Santíssima Trindade, da qual ele era devoto. Única bandeira revolucionária com emblema religioso.

Sobre esse líder, o Pe. Inácio Nogueira de Assis que com ele conviveu, escreve: “era homem nobilíssimo, digno noutro país das atenções do governo; o único crime que tinha era o de amar a pátria e querer vê-la livre do despotismo.”

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