(Depoimento de Neco Torquato Villela)
Por muito tempo, a história que ouvíamos em Santa Rita do Sapucaí sobre a criação da ETE FMC era a de que Sinhá Moreira estava disposta a criar uma instituição voltada ao setor do petróleo, mas que teria sido convencida por um amigo, o doutor Walter Telles, a criar uma escola de eletrônica. O médico teria assistido, na ocasião, uma palestra com Einstein nos EUA, em que o cientista apontava a tecnologia como futuro da humanidade. Tal teoria caiu por terra quando o pesquisador Neco Torquato Villela revirou alguns documentos da instituição, em busca de elementos que comprovassem a passagem do Papa Francisco por nossa cidade, no início da criação da escola dirigida pelos padres jesuítas.
Assim contou Neco, após ter contato com um outro importante documento: “Essa história de uma palestra do Einstein é muito bonita. Eu mesmo já repeti essa narrativa, por diversas vezes, em palestras que fiz sobre a história da ETE. Dona Sinhá ou Walter Telles podem até ter participado de tal palestra, mas creio que, ao considerarmos isso o principal motivo da fundação de uma escola de eletrônica em Santa Rita, cometemos um engano. Há cerca de quatro semanas, enquanto escarafunchava alguns documentos no Museu da ETE, encontrei um jornal da época da fundação da escola, com detalhes interessantes sobre o movimento para sua criação. Segundo a publicação, Dona Sinhá contou com a ajuda do professor Fernando Neto para escolher qual curso seria ministrado na escola. Ele também a auxiliou na organização inicial do currículo. Era de Lambari e, infelizmente, já faleceu. Entrei em contato com os seus familiares para saber se tinham mais informações sobre o professor e sua jornada com Dona Sinhá, mas não obtive resposta. De acordo com o jornal, Dona Sinhá queria um curso técnico industrial, mas não tinha certeza de qual área seria o tal curso. Ela e o professor Fernando Neto visitaram várias escolas e faculdades, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. No Liceu Eduardo Prado, em São Paulo, conheceram uma escola de química industrial. Lá, em conversa com alguns professores, descobriram que dois ramos da química industrial eram mais promissores: plásticos e petróleo. Entraram em contato com o Ministério da Educação e obtiveram autorização para seguir com a ideia de um curso técnico de química.
Visitaram a Petrobras para expor a proposta à diretoria. Dona Sinhá e o professor Fernando foram persuadidos pelo chefe do Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa, Dr. Eloy Coelho, de que seria mais útil uma escola que formasse técnicos em eletrônica para trabalhar na Petrobras e em outras indústrias brasileiras. A sugestão foi prontamente aceita com entusiasmo.
Há outras informações interessantes nesse jornal, por exemplo: Aureliano Chaves, então professor do Instituto Eletrotécnico de Itajubá, chegou a dar uns pitacos no primeiro currículo da ETE e foi professor da escola também.”
Para acessar a matéria com a história oficial da ETE, acesse este link
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