(Por Carlos Romero Carneiro)
Minhas recordações mais remotas do Sol Nascente remontam ao início dos anos 80, quando o lendário morro da Rua Nova era vida em movimento. Mulheres com trouxas de roupas e feixes de lenha equilibradas na cabeça; crianças que desciam o morro para as aulas do grupão; boêmios no bar do Seu Lupércio; a moçada que se aglomerava em frente à casa do Luiz Alito para trocar ideia. Entre as peladas que aconteciam no esguicho e as proezas do 13 de Maio, no campo da Liga, eu presenciei, ainda muito criança, o surgimento de uma agremiação carnavalesca que levaria os moradores das ruas Nova, Cruzeiro e Rosário aos inesquecíveis desfiles ao redor da praça. Uma escola de samba!
O sujeito mais animado da Rua Nova não media um metro e meio, tinha as costas envergadas feito taquara e fazia o corre vendendo bilhetes de jogo do bicho. Era o melhor amigo do meu pai. Talvez se conhecessem desde a infância. E foi justamente ele, o Samuelzinho, que meu pai procurou quando pensou em criar uma agremiação carnavalesca que ocuparia a lacuna deixada pelo bloco das “Mimosas Cravinas”.
Uma das paixões do meu pai era o carnaval. Todo ano, esperava chegar o disco das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, na loja do Jovino, para comprar e tocar até o sábado de aleluia. E talvez tenha sido num daqueles “Bum Bum Paticundum Pucurundum” que tenha tido o lampejo de criar uma Escola de Samba no bairro onde ele havia vivido boa parte de sua infância, em um velho sobrado atrás do Grupão.
Lá estavam, descendo o morro, Samuér, Juca e Mauri quando meu pai veio na inclinação oposta, vencendo o morro íngreme. “Vamos montar uma Escola de Samba? Eu dou uma geladeira véia e nós rifamos para comprar os instrumentos!”
E eu não me esqueço do olhar de admiração daquela turma quando chegaram as compras de carnaval. Até então, as batucadas aconteciam com instrumentos que os integrantes da “União da Ilha” tinham esquecido quando vieram tocar no Democráticos, somados a batuques do próprio bloco. A partir daquele momento, os caras teriam os seus próprios surdos, taróis e tamborins! E o Mauri não só deu nome à Escola de Samba como ensaiou a bateria, com direito a paradinha e tudo! O título, “Sol Nascente” veio de uma grande inspiração: “A Rua Nova é o local onde surgem os primeiros raios de luz em Santa Rita!”
Logo de cara, o Bloco dos Democráticos apadrinhou a agremiação. Os carros alegóricos eram produzidos pelos Irmãos De Franco, mesmos artistas que criavam as esculturas e alegorias dos foliões do morro do Zé da Silva. E tinha ensaio no ponto mais alto da Américo Lopes; tinha a torcida decorando a letra, com a moçada seguindo as lições de Mauri para estar tinindo na terça de carnaval.
E quando chegou o dia do desfile, Juca Carteiro se metamorfosearia em passista dos bons, Mauri estava pronto para equilibrar o pandeiro, Carlindo ajeitaria uma fantasia dos Democráticos para se transformar em Mestre Sala e a cidade estava prestes a admirar, de zóio arregalado, a beleza daquele carro alegórico!
O bairro da Rua Nova, alma santa-ritense e local onde viviam descendentes de homens e mulheres oprimidos pela escravidão, no século anterior, estava todo montado para descer o morro e brilhar pela primeira vez! À medida que as fantasias confeccionadas no velho salão da Associação José do Patrocínio ganhavam as ruas, era visível a alegria da vizinhança. A comunidade, orgulhosa, descia a Antônio Moreira iluminada por postinhos e repleta de entusiastas, puxando o cordão. Ao retornar à montanha que desponta detrás da igreja, a multidão já pensava no carnaval seguinte, enquanto entoava o samba composto por Juca:
Deixando a sua terra natal
O negro partiu
Para uma terra estranha
Que hoje é Brasil
Deixando mulher e filhos
O negro chorou
E veio para esta terra
Trabalhar e derramar o seu suor
Foi o negro, o africano
Que entre lutas
Esse Brasil foi desbravando.
Foi o negro, o africano
Que entre lutas
Esse Brasil foi povoando
(Dedicado a Luiz Carlos Lemos Carneiro e aos amigos do bairro da Rua Nova)
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