Coluna do Carlos Romero

Quando os santa-ritenses partiam para as disputadas excursões ao Playcenter

Quem passou a infância em Santa Rita do Sapucaí nos anos 80 certamente deve se lembrar das excursões promovidas pela Crezilda, direto do morro do José da Silva para o glorioso Playcenter. Bem pertinho do grupão, a lista de crianças começava com um ônibus, depois vinha o segundo, terceiro, quarto, circular, rasga roupa, até não sobrar nenhum coletivo na cidade.

E a molecada pirava quando avistava o Shopping Center! E era um tal de subir e descer a escada rolante da Jumbo Eletro (ou seria Mesbla?), um tal de se perder e ter que chamar a Crezirda pelo autofalante… As filas do MacDonalds davam voltas no quarteirão quando chegava a criançada, direto da terra do João Onça. “Ô dona! Tem mostarrrrda?” ou “Uai, o lanche parecia tão grande na fotografia…” eram comuns de se ouvir naquelas viagens.
E quando chegávamos no parque, todo mundo se dispersava. Os mais radicais iam correndo à Casa do Monstro, com um sultão na entrada, ou ao Castelo Mal Assombrado, com dois olhos gigantes que viraram pra lá e pra cá. Já os mais calminhos, caçavam o rumo da Montanha Encantada, do Show dos Ursos e do Palácio dos Espelhos com suas mil e uma marcas de baba nos vidros.
Para nós, que estávamos acostumados a brincar no parquinho da pracinha da cadeia, ver um bicho do tamanho da Montanha Russa era para nunca mais esquecer!
Quando esgotávamos os brinquedos mais concorridos, chegava a hora de enveredar pelo teleférico, que cortava o parque de um lado a outro, torrarmos o que sobrou da mesada no fliperama ou assistirmos o show da “Orca, a Baleia Porca” – como dizia a criançada.
Já no finzinho, com as pernas doendo, bolso vazio, mas com um sorriso de orelha a orelha, fazíamos birra pra passarmos de novo pelo Shopping e, quem ainda tinha dinheiro, aproveitava pra comprar aqueles kits de mágica e chiclete que pintava a lingua de azul pra sacanear os colegas do buzão.
Depois de tanto tempo, recordo aqueles momentos legais e dá aperto no coração por saber que o parque virou história. Nessa nostalgia toda, resolvi assistir a alguns vídeos no Youtube e descobri que, no lugar do Playcenter, só há construções, prédios e estacionamentos sem graça. Na minha memória, entretanto, ainda vejo aquela molecada correndo de um lado a outro e o desejo de que o dia não acabasse mais.
(Por Carlos Romero Carneiro)

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