Decreto Municipal flexibiliza as regras para funcionamento de estabelecimentos comerciais em Santa Rita do Sapucaí. Em coletiva com o prefeito Municipal, Wander Wilson Chaves, com a gerente da Epidemiologia, Veridiana, com a Secretária de Desenvolvimento Social, Maria Angélica e com a Secretária Interina de Saúde, Beta, foram expostas as novas regras e o cenário atual de combate ao Covid-19.
Wander: Nossa intenção é explicar o Decreto que flexibiliza o comércio mas também prestar outras informações para a prevenção do Covid-19. Desde o primeiro momento estamos alinhados com o governo estadual, que nos guiou até então. Através da iniciativa chamada “Minas Consciente”, conseguimos nos preparar no que se refere à saúde, estamos atentos às estatísticas, nos reunimos com o Comitê de Combate ao Covid-19 e decidimos estabelecer um plano de flexibilização segura e gradual para o nosso município.
Quatro são os pilares que deverão ser obedecidos para haver flexibilização do comércio no município. São eles:
1) Uso de máscaras:
É preciso a conscientização de que ela é necessária. A máscara é a nossa vacina de hoje. Em todos os estabelecimentos será obrigatório o uso de máscaras, tanto pelos comerciantes, quanto pelas pessoas. Nossa flexibilização está apoiada em elementos que deverão estar em absoluta sintonia.
2) Continuidade do distanciamento social:
Enquanto transitam pelas ruas e frequentam estabelecimentos, as pessoas precisam manter uma distância segura de, pelo menos, um metro e meio entre elas e que, aliado ao uso das máscaras, colaborem com o nosso protocolo de flexibilização para abertura do comércio.
3) Higienização pessoal.
As pessoas precisam redobrar o cuidado com a higiene pessoal, se atentarem à limpeza da sola dos sapatos, não colocarem as mãos nos olhos e boca e também terem um cuidado muito grande com a higiene dos estabelecimentos administrados ou frequentados por elas.
4) Compromisso dos estabelecimentos.
O quarto é o compromisso de estabelecimentos e áreas flexibilizadas para melhorarmos o aspecto econômico. Estas empresas flexibilizadas deverão concordar com nossas regras para que iniciemos uma abertura gradual e segura.
Como acontecerá esta flexibilização?
Nós reunimos um grupo submetido a um treinamento e eles irão visitar cada estabelecimento, ditando como estes locais deverão se adequar para poderem funcionar.
Nós estamos, na realidade, é fazendo um tratamento individualizado, estabelecimento por estabelecimento, visitando cada um dos locais para entendermos o que deverá ser feito, caso a caso. Não conhecemos, na região, nenhuma outra cidade que tenha adotado estas medidas tão personalizadas.
Hoje, pela manhã, nós estivemos reunidos com as academias e com o Doutor Manoel, com o objetivo de tirar dúvidas e apresentar a importância de seguirmos rigorosamente as regras. Amanhã, teremos um papo similar com os restaurantes, a fim de que todos saibam exatamente como proceder.
Quanto passa a vigorar este decreto?
Este decreto passará a vigorar no dia 8 de maio de 2020.
Considerações da Secretária Interina de Saúde:
Beta: Hoje nós iniciamos estas visitas aos estabelecimentos, em oito equipes, para finalizarmos todos os pontos em tempo hábil. Nós temos, neste momento, um caso confirmado, 17 casos suspeitos e 4 em monitoramento. Todos os outros casos já foram liberados. O Hospital também já conta com o credenciamento do SUS liberado e com os leitos também disponíveis aos pacientes. Nós temos dois pacientes internados sob nossa supervisão neste momento mas ainda não temos o resultado do teste.
Considerações da Secretária de Desenvolvimento Social:
Maria Angélica: Os trabalhos da Secretaria de Desenvolvimento Social tem continuado com o serviço de distribuição de cestas. Ao todo, foram 1268 cestas entregues. Também temos recebido o apoio de muitas empresas. Muitos psicólogos têm feito atendimento de pessoas que possam estar passando por algum tipo de necessidade, assim como nossos assistentes – em constante atendimento domiciliar.
Perguntas dos jornalistas e cidadãos presentes na coletiva:
Quanto ao uso de máscaras nas ruas, gostaria de saber como será o processo de conscientização para que as pessoas usem.
Wander: Ele não será impositivo, embora façamos uma campanha forte nos veículos locais. A imposição é que os donos dos estabelecimentos exijam que os consumidores entrem de máscaras. Então pedimos às pessoas que não fiquem chateadas quando o dono proibir a entrada sem as máscaras. Nossa flexibilização, sem atenção aos quatro pontos, não funcionará corretamente. Isso quer dizer que – em vez de termos avanços – sem o apoio da população, poderemos ter um retrocesso. Se não cuidarmos do outro, teremos que voltar a restringir. Usem as máscaras, mas também expliquem aos seus amigos e aos membros de sua família sobre a importância da seriedade na prevenção.
Como será a questão de fiscalização nos estabelecimentos comerciais e igrejas? Haverá algum tipo de punição a quem fugir das determinações:
Wander: A fiscalização está sendo intensificada, mas é importante entender que deveremos fiscalizar 500 estabelecimentos e que contamos com a participação da comunidade através de denúncias pelos telefones 3471 2006 e 190. Vale dizer que os estabelecimentos têm se comportado muito bem, com exceção de um ou outro excesso. Todos precisam entender que a colaboração é importante, não para o estabelecimento ser punido, mas que não haja retrocesso. Em contrapartida, caso não haja compreensão por parte de alguns, deveremos ser severos com quem não cumprir e todos precisam entender e estar de acordo. Em resumo: o entendimento por parte de todos é o mais importante.
Esta decisão de arrefecer as medidas de isolamento não pode ser um pouco precoce?
Wander: A gente tem acompanhado tudo, sabemos que o Brasil possui várias realidades, o governo de Minas sinalizou a necessidade de flexibilização, avaliamos a realidade da região e nosso comitê decidiu tomar decisões alinhadas com a nossa própria realidade. Nós entendemos que nossa situação hospitalar está sob controle e temos as condições para iniciar este processo. Não existe uma verdade sobre isso, mas devo dizer que estamos muito atentos e – se houver necessidade – iremos voltar atrás. Talvez Santa Rita tenha sido a única cidade a visitar todos os estabelecimentos, ponto a ponto. Isso nos dará, inclusive, a possibilidade de conhecer melhor a condição da cidade.
Com relação às pessoas recolhidas no abrigo, soubemos que um santa-ritense ofereceu trabalho a elas. Como está acontecendo este processo e como eles estão sendo monitorados?
Angélica: Hoje nós temos 16 moradores em situação de rua. Sete moradores foram encaminhados ao trabalho e estão muito bem alocados na fazenda, supervisionados por assistente social e psicólogos. Elas são pessoas resistentes às regras e com um estilo de vida um pouco diferente. Alguns desses moradores não são do município, mas nove são daqui da cidade. Temos seguido todas as normas de saúde, oferecido máscaras para todos, sabonete líquido, colocado álcool em gel em todos os cômodos, disponibilizado enfermeira plantonista e assistência constante.
Haverá flexibilização das praças, centros de eventos e demais logradouros públicos?
Wander: Não. Várias modalidades continuam suspensas e serão descritas no decreto. Eu fechei uma praça, a praça da Matriz, por conta da aglomeração de pessoas. Como não podemos proibir a circulação, precisamos ter a compreensão das pessoas.
Estamos preocupados com os viajantes. Como está sendo feito o processo de filtrar a entrada de viajantes?
Beta: Todas as pessoas de outras cidades que chegam a Santa Rita são cadastradas e orientadas. Nós aferimos a temperatura e as acompanhamos por amostragem. Nós ligamos para elas, consultamos sobre sintomas e as monitoramos. Este processo acontece todos os dias.
Em relação ao comércio de comida de rua e espetinhos… eles poderão retornar?
Wander: O espetinho nunca foi permitido e está fora da legislação local. Os comerciantes ambulantes com alvará serão submetidos ao protocolo de responsabilidades. Enquanto não forem visitados, serão proibidos de funcionar. Nosso protocolo é restrito e todos deverão obedecer às regras. Pode acontecer de visitarmos um destes comerciantes e dizermos a ele que deverá continuar no sistema “pegue e leve”. Varia de local para local…
Com relação às escolas municipais, quais as medidas estão sendo pensadas?
Wander: Tivemos início, no dia 4 de maio, um serviço de teletrabalho que tem sido de grande valia na exposição de conteúdos, com toda uma cartilha adaptada para nossas necessidades. Nós já iniciamos e iniciamos bem. Um projeto que iniciamos hoje prevê um teletrabalho ligado ao Covid-19 e Dengue, com tarefas nas residências – voltadas a questões de saúde, orientadas por uma cartilha que recebemos do Governo Federal. Entendo até que, depois da epidemia, muito do que estamos aprendendo, continuará a ser aplicado.
Qual a importância do “Estado” ou do governo, neste momento de crise?
Wander: Da forma como a nossa sociedade foi arquitetada, dependemos do Estado. Eu não acredito nem no Estado Mínimo e nem no Máximo. O Estado é necessário e o SUS é prova disso. Por mais necessidades que nós temos, o SUS tem segurado a bronca. Se não houvesse o SUS, estaríamos em uma situação muito mais difícil.
A pandemia parece que vai se estender por algum tempo. A prefeitura tem intenção de continuar colaborando com recursos aos menos favorecidos?
Wander: A segurança alimentar é o básico do básico. Nós estamos acompanhando com muito cuidado e faremos de tudo para manter, como município, esta questão alimentar. Porém é importante dizer que nós temos limites e não conseguiremos prosseguir longamente, sem amparo de outras esferas. Não temos um plano de atuação até certo ponto. Mesmo com as projeções de que o pico vá até junho, sabemos que conseguimos prosseguir até lá. De qualquer maneira, a palavra de ordem para ultrapassarmos isso continua sendo “solidariedade”. Mais do que isso, já devemos começar um pós epidemia para começarmos a aquecer o mercado.
Existe previsão de recebermos testes para detecção do Covid-19?
Beta: Nós recebemos do governo 80 testes rápidos. Para este momento, tais testes devem ser usados para profissionais de saúde, de segurança e também em idosos. O uso é bem restrito e rigoroso. Pode ser que, futuramente, haja flexibilidade, mas – no momento – ainda há limites para utilização.
Gostaria de saber sobre a flexibilização da feira de produtores e igrejas…
Beta: Com movimento controlado, já estamos estudando o retorno das feiras dos produtores, para este final de semana. Sobre os cultos, estamos fazendo visitas a todas as igrejas para buscarmos dados, informações e necessidades. Os responsáveis pelas igrejas deverão assinar um protocolo. Já a igreja católica, definiu com o Bispo que permanecerão fechados até o dia 15 de maio, pelo menos.
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