Coluna do Carlos Romero

A praia da tigrada (Por Carlos Romero Carneiro)

Nos anos 70 e 80, quem não era sócio do Country Clube também tinha seus artifícios. Diversão da molecada era encontrar locais onde pudesse nadar, mesmo que significasse tomar uma coça quando chegasse em casa ou correr o risco de se afogar.

Um dos pontos preferidos da tigrada era o famoso pontilhão, espécie de ponte feita de madeira que traspassava um riacho no caminho para Itajubá. No tempo das chuvas, o local ganhava “fundura” e ninguém ligava se o chão estava forrado de pedras pontiagudas. Menos alternativo era o rio Sapucaí… Era só encher para crianças surgirem de tudo que era canto com câmaras de ar de caminhão dependuradas no pescoço. Alguns davam saltos mortais, outros pulavam em pé e flutuavam rio abaixo… muita gente passou apuros. O fato é que ninguém pedia aos pais para fazer a proeza e, quase sempre, éramos ansiosamente aguardados pela cinta feita na Casa de Couros do senhor Joaquim, quando botávamos os pés em casa. Alguns pais utilizam métodos medievais para descobrir a arte dos filhos. Caso notassem que a camiseta ou os shorts estavam encardidos, mandavam o rebento esticar o braço e passavam a unha. Se ficasse “russo”, davam chinelada e deixavam de castigo sabe Deus por quanto tempo.

Vocês vão me desculpar, mas se passaram a infância em Santa Rita e nunca se atreveram a nadar na fonte, não sabem o que perderam. Difícil era permanecer em pé sobre aquele piso escorregadio, mas era pertinho de casa, jorrava água à vontade e nem dava vergonha de quem passava.

Dos veios d’água mais distantes, podíamos optar pelo Vintém ou pelas “cachoeiras” da Bela Vista. A primeira começava em uma ponte de pedra e nós chamávamos de “primeira cachoeira”. A segunda era uma pequena queda d´água, já no topo da serra. Era ruim voltar cansado, mas quase sempre rolava uma caroninha.

Diversão perigosa, mas também muito apreciada era entrar de fininho na Fazenda Chalé. Ao fundo, havia um lago bacana pra caramba, mas cheio de cercas de arame farpado no fundo que agarravam os pés dos desatentos. Cansamos de levar bronca do senhor Elzo do Oscar, que trabalhava no local. “Aí é perigoso, criançada! Vocês não podem brincar aí!” Quem disse que adiantava?! Era só virar as costas e lá estávamos nós naquele paraíso mais bacana do que piscina. E por falar em piscina, nosso sonho era nadar numa fontezinha da casa do Seu Zé Padóia, que até peixe tinha, ou na piscina da casa do Gerardo, em cima da capelinha da praça do Kridão. Nos contentávamos em pular de uma varandinha, direto para a piscina do senhor Sampaio que, quase sempre, deixava o portão aberto.

takefive

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  • Nossa, boas lembranças. Adoravamos o pontilhão. La tinha uma tubulação que passava por baixo da rodovia. Na epoca de cheia atravessar aquilo era show. A correnteza ficava forte e quando desaguava do ourto lado, jogava a gente pra cima. Era muito bom.
    E as cachoeirinhas da serra eram muito legais. Nessas minha mãe até ia junto.
    Do pontilhão nem lembro se ela ficou sabendo que eu ia....

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