Colunistas

Primórdios da Associação José do Patrocínio

(Por Elísio Pamphiro Rosa)

O mais expressivo movimento da comunidade afrodescendente em Santa Rita do Sapucaí ocorreu num período de umas quatro décadas. Começou quando a união a uma associação teve início, na década de trinta. Assim, cidadãos negros influentes da comunidade começaram a trazer à tona a conscientização dos direitos e deveres dos negros.

Os veteranos dos primórdios desse movimento foram Maria Bonita, Pedro Eduardo e José Pamphiro Rosa. Posteriormente, outros valores surgiram e aderiram ao movimento. O ápice da comemoração era a data consagrada à libertação dos escravos, dia 13 de maio, com palestras e baile. Era uma comunidade alegre e trabalhadora que dava o seu braço e suor ao trabalho para o desenvolvimento da cidade. Naquela época, o nível intelectual entre a comunidade era sensivelmente irrisório. Não havia oradores negros, historiadores, sociólogos, arqueólogos, pesquisadores e doutores. Mesmo no âmbito nacional, era raro. Hoje, sobeja no Brasil esses intelectuais que pesquisam e estudam sobre o período escravocrata e pós escravocrata.

Em Santa Rita, na década de quarenta, dezenas de negros migraram para as grandes metrópoles, principalmente para São Paulo. Naquele período, o sr. Pedro Eduardo, uma das colunas do movimento, também migrou com a família e, com ele, mais duas famílias. Todavia, o trabalho na associação continuou com a determinação de outros sócios e com a liderança de Maria Bonita que mantinha uma afinidade de consideração com o sr. Pedro Eduardo e com a comunidade. Quando o Pedro Eduardo vinha a Santa Rita, a recepção só não era maior que a de 13 de maio. Maria Bonita, ou Bá como a gente a chamava, viu a ascensão da Associação José do Patrocínio durante boa parte de sua vida. O mundo mudava: surgia a guerra fria, a luta dos negros contra o colonialismo na África, a luta pelos direitos humanos nos USA e, consequentemente, tudo isso influenciou os movimentos negros no Brasil.

Quando cheguei a São Paulo, eu e o sr. Pedro Eduardo frequentamos a Casa da Cultura Afro-brasileira. Uma associação que gozava do apoio da comunidade israelita de São Paulo. A luta era, como as propostas em Santa Rita, sem conotação política. Infelizmente, todas as associações, clubes, agremiações, sindicatos e outros foram fechados quando os militares assumiram o poder no país. Sobre o tema, temos mais informações no livro do escritor e jornalista Jonas Costa “Maria Bonita – A Rainha Operária e sua Colmeia Negra”.

Admin

Recent Posts

Conheça Márcio Fogolin: o Mestre

Márcio é paulista de nascimento, mas costuma dizer, com orgulho, que se naturalizou santa-ritense. Nascido…

12 horas ago

Os primeiros 10 anos da escola de eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí

Entre os anos de 1960 e 1970, a Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da…

12 horas ago

Cidade se alegra com primeiro Irmão Redentorista

(Por Adjair Franco Ribeiro) Irmão Orlando Augusto Silva Cassiano nasceu no dia 10 de março…

13 horas ago

Documento revela que Papa Pio XI concedeu bênção de morte a santa-ritense

O Museu Histórico Delfim Moreira acaba de receber de Vera Lúcia de Valim Andrade um…

1 dia ago

O que mudou no Hacktown, após 9 anos?

(Por Erasmo Kringlein) Era 2016 e não sei bem quem teve a ideia. Talvez tenha…

2 dias ago

Janilton Prado conta como foi a atuação da Prefeitura durante o período de Hacktown

Secretário de cultura, esportes, lazer e turismo comenta sobre a atuação da prefeitura, durante o…

2 dias ago