Como foi aquela velha história do juiz, durante a lei seca?
Em dia de eleição, não se podia vender bebida. Só que um juiz da época foi para Bela Vista, chegou em um bar e disse: “Me dá uma pinga aí!” O dono do bar respondeu que, por lei, não poderia vender pinga. E o juiz falou: “Esta lei quem escreveu fui eu! Revoga a lei e me serve a pinga!” O juiz bebeu e gritou para o dono do bar: “Agora põe a lei de volta!” É o que contam, não é?! Às vezes o povo exagera um pouco, mas tem esta história…
E a história do delegado Assumpção?
Assumpção era uma boa pessoa. Ele gostava de música. Se tivesse um grupinho de seresta em algum lugar, ele sentava junto e acompanhava. Meu primo, Chico do Bilac, contava que o encontrou em Pouso Alegre, quando já estava aposentado e o Assunção falou: “Ô, Chico! Eu parei de beber!” O Chico olhou para ele assustado, o delegado sempre foi boêmio, e ele respondeu: “Faz cinco minutos! Vamos tomar uma?” Teve uma passagem em que ele prendeu o Cornelinho, que estava bebendo junto com ele. Ele chamou o amigo para ver não sei o que na cadeia, quando o Cornelinho entrou na cela, ele trancou e deixou o amigo lá!
Você sabe alguma história sobre o Cornelinho?
O Cornelinho (Cornélio Lemos Carneiro), quando queria espalhar um notícia, usava um artifício. Ele levantava bem cedo, ia lá no fundo da Rua da Pedra, no último boteco, pedia uma pinga e contava uma mentira! No segundo boteco, repetia a história. Quando ele chegava na praça, a notícia tinha chegado antes!
Sabe mais alguma história dele?
Pegar ônibus errado, era com ele mesmo! Quando queria ir pra Pouso Alegre, pegava o ônibus para Itajubá. Quando precisava ir para Itajubá, pegava o ônibus para Pouso Alegre! Era muito meu amigo! Gostava muito dele!
E do irmão dele, Antônio Bernardino, você lembra de alguma história?
Seu avô me contava que, quando morava em Varginha, começou a beber uma noite lá e, quando acordou, estava na Aparecida do Norte! Ele me falou: “Eu não sei como eu fui lá! Eu saí de Varginha, tive que pegar trem, fazer baldeação, pegar outro trem e voltar da Aparecida do Norte!
Do terceiro irmão, o Astolpho farmacêutico, você sabe de alguma história?
O Aluísio me contou uma história que eu não sabia. A Dona Sinhá tinha uma caderneta para dar remédios aos pobres. A pessoa chegava com a caderneta na farmácia do Astolpho, ele entregava o remédio e anotava. Acontece que, quando o Astolpho quis comprar aquele prédio que ainda é deles (aqui da Praça com a Rua Barão do Rio Branco), para montar sua farmácia, procurou meu avô (Cel. Francisco Moreira da Costa), que propôs a ele: “Astolpho, você não vai pagar pelo prédio! Toda vez que a Sinhá mandar pegar algum remédio lá, você vai descontando e abatendo a dívida, até pagar por ele!
Aconteceu o mesmo com o meu avô. Ele foi pedir financiamento no Banco e o Chico Moreira (dono do banco) mandou dizer que ele não devia nada. Que iria assumir a dívida.
A sua avó me mostrou a carta do meu avô perdoando a dívida. Tinha até a assinatura dele!
A Rua da Ponte era bem diferente, não é?
Todos os comerciantes que existiam ali eram descendentes de Árabes. A gente dizia que era a rua dos turcos. O que aconteceu foi que, quando eles chegaram ao Brasil, a Síria e o Líbano eram dominados pela Turquia. Por causa disso, no passaporte constava que a nacionalidade deles era turca, daí a mistura. Dizem que, turco mesmo, só teve um na cidade. Contavam que, em determinada hora do dia, ele orava em direção a Meca… mas eu não lembro disso.
O Cutuba você chegou a conhecer?
Muito! Tomei várias com ele, rua do Queima a fora! O Dito Cutuba foi toureiro, artista, pegava boi a unha… e era muito amigo do meu pai. Eles foram colegas de ginásio! Meu pai contava que a mãe (Cutuba), uma viúva, fez de tudo para o Dito estudar, mas que não teve meio! Ele morava na beira do rio, não gostava de ficar em casa… para nadar não tinha igual. Quando subia o rio, ele subia na ponte de ferro e pulava lá de cima.
E a velha ponte metálica?
Aquela era uma ponte de estrada de ferro. O governo de Minas comprou, não usou, ela ficou encostada em algum canto e a trouxeram pra cá. Era de ferro e tábua. Lembro muito dela… Foi só meu avô fazer esta ponte de concreto aqui perto da praça, a outra caiu pela primeira vez! Depois reformaram a ponte de ferro, mas colocaram limite de peso. Era uma ponte belga.
O senhor se lembra de passagens sobre o antigo mercado?
Lembro muito! Construção bonita, redonda… meu avô (Francisco Moreira) ia todo domingo para lá. Ele acordava às cinco, tomava um banho frio como fazia todos os dias, ia para a missa da Matriz, às seis da manhã, passava em casa para tomar um café e depois passava a manhã inteira no mercado conversando. Como ele foi prefeito por muitos anos, gostava de ir para lá para saber o que estava acontecendo na cidade, conversando com as pessoas. Era ali que ele tinha conhecimento sobre o preço de tudo.
A bengala que ele usava, o senhor ainda guarda, não é?
Guardo sim! Ele tinha uma bengala para usar aqui e outra para usar nas terras dele no Paraná. Ele dizia que não gostava de andar em Santa Rita com a terra roxa do Paraná, por isso trocava de bengala. Tinha uma terceira bengala que sumiu. Um irmão dele, quando ficou mais velho precisou da bengala e ela acabou se perdendo com o tempo.
Com quantos anos o Chico Moreira faleceu?
Ele faleceu com 79 anos. E só lembro dele de bengala. Ele dizia que nunca sentiu dor nas pernas, mas fraqueza. Quando ia entrar no jipe, entrava de costas e a gente ajudava a colocar as pernas dele dentro do carro.
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