De todos os títulos de nobreza que a vida me deu — e não foram muitos, diga-se — nenhum me enche mais de orgulho do que os que ostentei nos gloriosos anos 1940: bombardinista da Lira Tiradentes e atirador número 9 do TG 210. Dava até pra colocar no cartão de visita, se eu tivesse um.
Nas quintas-feiras, durante os ensaios na casa do Maestro Joaquim Carneiro de Abreu — o lendário Seu Quincas — além de desafinar com entusiasmo, a gente também ria. Ria muito! Principalmente das histórias do Zé Hilário, o cronista oficial das confusões musicais da região. E tinha uma em especial que ninguém esquecia, nem que tocasse com a partitura de cabeça pra baixo: a viagem da banda pra festa do padroeiro de São Gonçalo do Sapucaí.
Pois bem, dizia Hilário que a banda foi toda alojada num salão imenso, na casa da festeira. Um verdadeiro “dormitório sinfônico”, só que com colchão emprestado, cobertor ralo e mosquitos tocando mais alto que os metais da banda. Junto com os músicos, foram o fogueteiro da festa (mestre em espantar coruja com rojão) e o seu fiel ajudante: um sujeito de conversa azeda, cara de poucos amigos e alma de chato profissional. Segundo Hilário, o cabra parecia ter feito uma promessa pra ser insuportável até a alma alcançar o céu.
Eis que entra em cena o nosso herói — um músico muito respeitado, mas com espírito mais danado que saci em ventilador. Vivia aprontando peças nos colegas e, claro, o ajudante do fogueteiro virou alvo fácil.
Num fim de tarde qualquer, depois de uma discussão sobre quem sabia mais de pólvora (como se isso fosse normal entre músicos), o nosso brincalhão jurou ensinar ao rapaz “como se faz uma bomba de verdade”.
À noite, o frio batia nos ossos, o vento assobiava pelas frestas das janelas e o salão parecia cenário de filme de terror com banda marcial. Enquanto o povo dormia, lá foi o músico sorrateiro, cobertor nas costas e cara de quem planejava coisa feia.
O ajudante? Dormia como um anjo barulhento. O ronco era tão potente que parecia que ele estava testando foguete pelo nariz. E foi ali, no silêncio da madrugada (silêncio é modo de dizer), que o músico levantou o cobertor do desafeto… e largou uma bomba de efeito moral que faria qualquer tamborim se calar de vergonha.
No dia seguinte, na sala de jantar, enquanto o café preto subia perfumando o ar e o pão de queijo saía fumegando, ouviu-se o burburinho entre as arrumadeiras:
– Uai, o fogueteiro já foi embora?
– Não… quem sumiu foi o ajudante. Fugiu enrolado no cobertor!
– Tadinho… com aquela idade, mijar nas calças não é fácil, não…
E assim, a música seguiu, a festa aconteceu, e o ajudante nunca mais pisou num alojamento de banda. Dizem que, desde então, só aceita convite se for em quarto individual… e com janela aberta.
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